Pesquisa do Palavrório

22.12.04

Casa nova

Você abre a porta, avança dois passos, gira, fecha-a, tranca-a, e gira de novo. É isso, você está de casa nova. Já há alguns móveis colocados, mas ainda faltam vários. E você tem certeza que há uma quase infinidade de detalhes que, na confusão da mudança e na pressa para ocupar o novo território, passaram desapercebidos. Mas essa é sua casa nova.

A chave da velha casa fica guardada, enquanto não é vendida. Casa velha de lembranças velhas. Já que essas a gente carrega consigo para sempre, que pelo menos aquela fique para trás. Foi o tempo justo, necessário, talvez um pouco mais que o esperado, mas com certeza menos que o devido. Foi, fim. Agora, é a casa nova.

E ela está vazia. É uma chance de ouro, colocar o que se quer dentro de sua casa nova. Você pode encher ela de risos, abraços, carinhos, afagos, alegria e amor, muito amor. Você também pode não querer nada disso, e encher de coisas como lustres, pratarias, eletrônicos da geração seguinte à última, enfim, tudo aquilo que ocupa espaço mas não preenche o vazio. A decisão é sua.

Casa vazia é como uma folha em branco, uma tela em branco. Você decide qual a primeira letra, a primeira pincelada, o primeiro caractere, e depois, segue a intenção inicial. Com cuidado, sem pressa, dessa folha em branco, dessa casa vazia, nascerá uma obra bonita, uma obra boa, um lugar onde você coloque o pé e se sinta, realmente, em casa. Um lugar onde o caos do dia-a-dia seja deixado da porta para fora, e que mesmo a gritaria de crianças, o barulho de panelas, a música, a televisão, sejam uma sinfonia harmônica, a mais bela e confortante que pode existir.

Sem pressa, você terá isso. Devagar, basta seguir em frente. Agora é dar o terceiro passo e assumir a casa nova. Bem-vinda, a casa é sua.

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