Pesquisa do Palavrório

28.12.07

Movimento circular

Tem uma poesia do Drummond (se não me engano) em que ele fala da beleza que é a invenção do Ano Novo. Com ela, podemos ter uma chance de apagar todos os erros do passado, pensar no que fizemos durante um ano inteiro e no que faremos para não cometer os mesmos equívocos. O Ano Novo é época de renovação de um monte de coisa, mas principalmente de renovação e fortalecimento da esperança e da fé em dias melhores para nós mesmos.

O que talvez ele não tenha visto é que todo ano revivemos as mesmas angústias, inquietações, eventuais alegrias e tristezas inerentes à esta época. Até um certo ponto, os desejos são recorrentes: “trabalhar menos para ficar mais tempo com a família e os amigos, ser mais sincero com todos eles, me esforçar para ganhar mais dinheiro para poder gastar melhor (não esbanjar) etc...”

Percebi isso ao pegar-me no flagra, esta manhã, pedalando para o trabalho e pensando em como seria bom se o mundo parasse de funcionar de verdade nesta época. Que ninguém precisasse ir para o trabalho, mesmo porque há pouco trabalho a ser feito. Que os médicos, enfermeiros, policiais, bombeiros e soldados tivessem uma semana de folga porque o mundo parou, inclusive as maldades. E lembrei que todo ano, invariavelmente, fico procurando soluções para que este sonho se torne realidade. Lá se vão uns 30 anos novos em que este sonho reaparece.

Será que a vida não passa deste movimento circular? Talvez agora entenda o italiano Alessandro Baricco, ou melhor, seu personagem Ultimo Parri, que tentava criar um circuito que representasse a sua vida, toda ela. Talvez seja isso mesmo, estamos condenados (no bom ou no mau sentido) a retornar sempre a um ponto determinado, para que possamos repensar o que fizemos e repartir, tentando consertar a trajetória feita, deixá-la mais harmônica, mais suave, mais elegante. Talvez.

Enquanto a dúvida persiste, não resta nada a fazer a não ser listar – de novo – os erros e acertos do ano que passou e tentar não repetir os erros e acertar mais no ano próximo. Quem viver, verá!

27.12.07

Época estranha

Esta época do ano é um período estranho. Ainda que todos digam que é uma época de festas, não se vê tanta gente contente pelas ruas. Não importa a classe social, estão todos meio pensativos, até um certo ponto encafifados com o que acontece ao redor.

As lojas gritam que é Natal, é motivo de festa, de alegria, de juntar-se com a família para celebrar o nascimento de Cristo ou, mais mundanamente, trocar presentes comprados à prestação. Já no Ano Novo todos devem parar alguns instantes para refletir como foi o ano que passou, fazer o balanço de erros e acertos e programar o próximo ano para que este seja, como todos os Anos Novos, um ano cheio de realizações e coisas boas.

Mas tem algo que não anda direito. A pressão do cotidiano é muito forte para ser sublimada por toda essa pressão pela felicidade coletiva universal. Lá no fundo (ou não tão fundo assim) sabemos que nada mudará com a passagem do ano; que não importa quantos presentes recebamos, a felicidade depende de outras coisas que não um grande e caro presente de Natal; que a família deve estar unida o ano inteiro, e que as desuniões aparecem claras e latentes na noite de Natal, ainda que se faça força para que elas não existam pelo menos naquele momento.

O descompasso entre o que sentimos e o que vemos existe, em alguns casos é grande, enorme. Quem não tem família está deprimido por estar sozinho. Quem não tem dinheiro fica deprimido por não poder dar ou ter uma festa bacana. Quem tem ambos fica triste pois sabe que a vida não é só esta semana. Parece um mal estar generalizado que toma conta da humanidade e que é abafado com “qualquer droga que nos dê alegria”, como disse o Cazuza.

Sentimentos ambíguos, que só se desfazem quando chego em casa e recebo o abraço apertado de meus filhos que, ainda distantes de todas estas preocupações, pegam seus brinquedos de Natal e inventam mundos de príncipes e princesas, de dragões e alienígenas, onde o bem sempre vence o mal. Oxalá!!

5.11.07

Relembranças

O momento parece se repetir. Aquela calmaria que precede os grandes acontecimentos. Com certeza aconteceu com você. Uns dias antes de algo importante acontecer com você (saiba você disto ou não), tudo parece dar uma pausa. As horas se arrastam, não há motivação para começar nada novo, talvez alguma para concluir o que está em aberto, mas nada realmente significativo acontece.

Eu imagino que já escrevi sobre isto em algum momento. Mas com o grande irmão corporativo bloqueando o acesso ao meu blog, fico aqui reescrevendo o que talvez já reescrevi. Talvez, se já tiver escrito sobre isto, o tema pareça chato. Mas vai que agora a sensação de espera de que algo diferente e grande aconteça seja outra? Vai que muda o tom da ansiedade?

Por um lado há ansiedade pois os fatos novos serão grandes (novas casas, novos endereços?, uma viagem de férias muito bacana e longamente esperada). Por outro lado, há já alguma resignação de que não adianta o que acontecerá ou mudará, tudo mudará muito pouco. Levaremos a carga imensa que somos nós mesmos para onde formos. Viajei o mundo com apenas uma mochila nas costas sabendo que o mais pesado de tudo estava dentro de mim.

Assim, algo mudará, tenho certeza. Em seu tempo, da maneira correta, nos tempos certos, desde que a gente se esforce para isso. Mas enquanto isto, fica a sensação de dejá vu. Que puxa!

31.10.07

Chuvas de verão

Primeiro foi um inverno fora de hora, com temperaturas sempre abaixo dos 10° durante uma semana. Depois começou um calor desgraçado de quente. Agora é assim. De manhã está meio fresco, daí a temperatura sobe até uns 30°, pelo menos, e lá pela metade da tarde, ou fim da tarde, cai um baita pé d'água que interrompe tudo, pára o trânsito, acaba a luz porque caem galhos sobre fios de transmissão, enfim, um caos.

Será que ninguém percebeu que a maneira como estamos vivendo (nós Planeta Terra) levará invariavelmente ao fim de tudo? Ou acabará com seca ou com chuva, mas que se continuar assim acabará, ah isso vai...

29.10.07

Ambigüidades

Todo dia, no caminho para o trabalho, estou propenso à poesia. Vou de bicicleta, em um ritmo mais calmo que o resto das pessoas, escutando música, cheirando grama molhada de orvalho, passando por caminhos onde há gente caminhando, ainda há pássaros, eventualmente o trem ao lado me faz companhia.

Aprecio os quintais das casas que ainda existem – casas e quintais – e lembro de um tempo mais simples, mais calmo (me lembro de meu vizinho, o Júnior, rapagão alto à beça que pulava a cerca de casa sem usar as mãos, como um corredor de 110 metros com barreiras), em que havia tempo para brincar na rua – era possível brincar na rua.

Aí eu chego ao trabalho, cheio de poesia na cabeça, e ligo o computador com o nobre objetivo de escrever alguma coisa nesse sentido. E nos últimos três meses sou soterrado pela avalanche de trabalho – muitas vezes insensato e sem objetivo. Aí a poesia que havia pela manhã vai se esgotando, vai diminuindo, até ser completamente apagada por números, cifras, tabelas, apresentações e metas empresariais. Uma trabalheira desgraçada para explicar ao Sr. Mercado que a firma crescerá cerca de 25%, e não 28% como havia sido previsto, que o Sr. Mercado não ficará 28% mais rico, mas “apenas” 25%.

Na volta para casa, de novo sobre a bicicleta, a poesia tenta entrar novamente na cabeça. Mas ela está cheia de números, gráficos e tabelas. Um beija-flor cruza o caminho e quase devolve o sorriso. Um cachorrinho que parece sem dono faz xixi bem na roda do carro tunado, e o sorriso aparece envergonhado no canto da boca. Um casal passeia de mãos dadas pela ciclovia, alheio a tudo e concentrados apenas em si mesmos, e dentro de mim o sorriso já está quase pronto.

Aí chego em casa, duas pequenas criaturas vêm correndo para me abraçar e beijar, uma linda mulher vem e me beija, faz um cafuné em meus cabelos, e finalmente o sorriso e a poesia estão de volta.

14.9.07

Agora é hora de lutar!

Para começar, temos que falar o que pensamos, mudar nossas atitudes em relação a tudo e ser intolerantes a qualquer desmando, inclusive o próprio, que são os mais perigosos.

Pelo menos abrir a boca para começar a dizer o que pensamos, jogar para fora a raiva de eleger idiotas e representantes imbecis que só querem enriquecer à custa de uns bocós que somos nós. Abrir a boca, lotar as caixas postais daqueles vagabundos que nada fazem para mostrar que pelo menos estamos atentos.

E quem sabe, a longo prazo, mudar.

13.9.07

Primeiro a hora do luto

Vi um povo de cabeça baixa, de lágrimas nos olhos, sem fala, abandonar o estádio como se voltasse do enterro de um pai muito amado. Vi um povo derrotado, e mais que derrotado, sem esperança. Aquilo me doeu no coração. (José Lins do Rego)

Lamentemos por alguns instantes o que os pulhas a quem chamamos e elegemos senadores fizeram. Mas somente por alguns instantes. Amanhã tem mais.

31.8.07

Para os estudantes de Jornalismo


Sempre que falo sobre jornalismo, ou melhor, sobre as escolas de jornalismo, me lembro da lição do grande Angeli.

É o que penso também.

7.8.07

Salve o Renan!!

Calma, eu explico. É óbvio que ele tem muita coisa a explicar e, se fosse realmente um cara inocente, sairia da Presidência do Senado para deixar de exercer influência sobre seus processos. Mas ele não quer.

E enquanto ele ficar, nada, praticamente nada, será votado pelo Congresso. Ou seja, enquanto ele ficar, ele pode estar fazendo um bem para o País.

Isto porque a malfadada CPMF, a prorrogação dela, deve ser votada até 30 de setembro. Se não for votada, manda a lei que ela não seja implementada no ano que vem. Pode até ser que ela volte depois, mas durante um ano os tecnocratas não garfarão tanto do nosso dinheiro.

Ou seja, FICA RENAN!!! Que a confusão que você mesmo criou traga pelo menos algum benefício para os cidadãos honestos que pagam todos os impostos. Que essa prorrogação não seja votada de forma alguma. FICA RENAN!! Atrapalha o trabalho de todos, inclusive das falsas vestais que pregam a moralidade pública, que enquanto você estiver lá, não votarão nada. Atrapalha tudo, e quem sabe a CPMF acaba. FICA RENAN!!!

2.8.07

Está claro?

Se você tinha alguma dúvida de que estamos sendo governados por um energúmeno, clique aqui.
Depois disso, por favor, se você o defende, peça que ele se defenda de si próprio para pelo menos preservar o seu passado, esse sim bacana e meritório.

1.8.07

Bate cabeça

Um governo medíocre se mede pela incapacidade de até os principais ministros conseguirem coordenar o que dizem. Nunca antes na história deste país se viu uma mediocridade tão grande.

Um dia o presidente diz que construirá um novo aeroporto. No outro dia o ministro responsável pelo órgão que constrói aeroportos nega. Mais um dia e outra ministra, responsável pela articulação política, nega a negação e mantém a palavra do presidente. Em quem acreditar?

Um governo medíocre se mede também pela incapacidade de enxergar a realidade. Vaiam o presidente. Ele diz que as vaias devem vir de quem tá ganhando dinheiro no governo dele, os ricos, pois os pobres não estão se beneficiando de seu governo. Ele que sempre diz que são os pobres o foco de seu governo. Não entendi. Vaia quem é beneficiado, se cala quem é prejudicado? Vai ver que daqui a pouco cai a ficha e ele percebe que não governa para ninguém, apenas para os seus comissionados e para os puxa-sacos que não querem ver o que acontece.

Tristeza é pensar que ainda temos que esperar até 2010 para mudar...

20.7.07

Indecência dos incompetentes

Do Estadão Online:

SÃO PAULO -
O Palácio do Planalto recebeu com alívio a notícia de que a tragédia com o vôo 3054 pode ter sido provocada por um problema técnico no Airbus da TAM - e não pela pista molhada do congestionado Aeroporto de Congonhas. O assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, ministro Marco Aurélio Garcia, festejou com um gesto obsceno com as mãos quando assistia, no seu gabinete, ao noticiário do Jornal Nacional, da TV Globo, sobre o acidente.

O significado do gesto de Garcia parecia claro: a TAM se estrepou, melhor para o governo. Ao seu lado, o assessor de imprensa Bruno Gaspar foi ainda mais grosseiro. Fez um trejeito imitando o ato sexual.

Nunca antes na história deste País nossos governantes demonstraram tanto desrespeito aos que os elegeram e os mantêm. O gesto de dois dos mais próximos auxiliares do presidente Lula, que provavelmente não sabia de nada de novo, reflete o sentimento comum deste bando de incompetentes lotados nos postos de poder federal. O povo que se foda, eu quero é garantir o meu!!

Os barnabés festejavam que a culpa podia não ser da pista, ou seja, da Infraero, ou seja, do governo. Festejavam que as cerca de 200 mortes poderiam ter outro culpado no banco dos réus. Como se isso importasse. Na certa tiveram que às pressas reescrever o que o Presidente dirá esta noite em cadeia nacional, para que ele pudesse dizer, com firmeza, que algo seria feito, mas que a pista estava OK.

Nunca antes na história deste País se viu um governo tão patético e insensível. Talvez apenas Maria Antonieta ("O pão acabou? Que comam brioches...") tenha sido mais insensível.

O presidente que se cuide, a maré pode virar um dia...


19.7.07

Um incompetente culpado?

Demorará algum tempo para esquecer a tragédia do avião da TAM. Demorará ainda mais, talvez nunca seja possível, desvincular a pecha de incompetente desse governo e de seu comandante maior, Luís Inácio Lula da Silva.

Leiam a Dora Kramer de hoje (19/07/07). Lá está:

Não se pode culpar o presidente por tudo o que de mal acontece neste país, disseram de maneira preventiva alguns de seus admiradores assim que saíram as primeiras notícias sobre o desastre. É verdade. Mas é verdade também que não é mais possível aceitar que o presidente da República não seja responsável por coisa alguma neste país.

Ela continua elencando o que o governo, "este governo", deveria ter feito. Relembro, os sinais do caos foram dados em 2003, primeiro ano do primeiro reinado de Nosso Guia. Tudo o que "este governo" consegue fazer é falar, falar muito, falar bem, mas não fazer nada.

No fim, tenho que concordar com o presidente. A vaia de 100 mil pessoas no Maracanã na abertura do Pan foi injusta. Injusta por pequena. A vaia mesmo é dos 30 milhões de brasileiros que pagam impostos e não vivem às custas das tetas do governo.

18.7.07

A incompetência gera mortes

Nunca antes na história deste País se viu um governo tão incompetente. Já são quatro anos e meio de reinado de Luís Inácio Lula da Silva, e seu maior mérito até agora é não ter feito nada que pudesse prejudicar seriamente a economia. E só. Pois ele não fez mais nada, e esta incompetência começa a gerar mortes, muitas mortes. O acidente de ontem com o Airbus da Tam em Congonhas é apenas mais um capítulo, o mais recém escrito deste governo que passará à história como o de maior inação do mundo.

Lula não fez nada até agora. Na economia, pelo menos, não fazer nada foi bom. Se ele tivesse feito algo, poderia até ser melhor. O mundo todo passa por um ótimo momento econômico, mas como seu governo não fez as Reformas Tributária, Trabalhista e da Previdência –ele que tinha todos os mensaleiros a seu favor, além do apoio irrestrito de grande parte da população – o Brasil cresce a taxas medíocres. Mas pelo menos não há crises. Ele não fez nada que pudesse alterar de maneira negativa a economia.

Em relação aos sucessivos escândalos, Lula também não faz nada. Ele se faz de sonso, diz que não é com ele, e vai tocando a vida. Não importa se foi o seu chefe da Casa Civil, o seu churrasqueiro, o seu irmão, o secretário geral do seu partido, o seu ministro, a maior estatal do País (cujos escândalos estão sendo investigados desde 2003, primeiro ano do reinado de Lula, como disse o próprio presidente da Petrobrás), todos os contratos irregulares da Infraero, enfim, em nenhum dos escândalos surgidos nos últimos tempos, houve uma ação de Lula. Ou melhor, houve. Ele tentou fazer algo para salvar Renan Calheiros. Grande ato, o partido da ética tentando salvar um suspeito, em vez de dizer “vamos investigar, se ele for inocente, não há o que temer”.

E agora, mais 188 mortes em um acidente aéreo. Menos de um ano atrás, outras 154 pessoas perderam a vida. E o que fez o governo entre um acidente e outro? Relaxou e gozou, disse que o caos aéreo era até bom, sinal de crescimento econômico, e que tudo não passava de uma desobediência dos controladores de vôo. Claro, o governo estava mais preocupado em por novos pisos e novas lojas em aeroportos, em superfaturar contratos de publicidade dentro dos aeroportos, em comprar um Airbus presidencial, em fretar jatos particulares ou da Força Aérea Brasileira para seus ministros não enfrentarem os vôos comerciais. Deixe que as pistas de pouso serão vistas em outro momento. A pergunta agora é: antes ou depois do próximo acidente.

Este governo é patético. É um acinte à população que não depende de nada dele. Pois hoje só o defende quem vive às suas custas, quem mama dele. São os dependentes do Bolsa Família – que tem seus méritos por reduzir a desigualdade, mas que não é o suficiente para fazer o país crescer -, são os milhares de funcionários públicos em cargos de comissão – ou seja, gente que tem medo de não passar em um concurso público, incompetentes em sua maioria que vivem apadrinhados por algum político -, são os que vivem da corrupção e desviam dinheiro da educação, da saúde, da segurança pública, do transporte, da habitação etc.

Para todos esses, “nunca antes na história deste país” se viveu tão bem. Nós, cidadãos que não dependemos desse governo, pelo contrário, pagamos cada vez mais impostos para sustentá-lo, temos medo de que a incompetência desse governo nos faça a próxima vítima.

15.6.07

Encruzilhada

Sonho recorrente, sonhar que estou em Londres, é meu último dia lá, o avião está para sair, eu estou atrasado e ainda não arrumei nada. Já sabia que o último dia chegaria, e mesmo assim deixei tudo para a última hora.

Demorou um tempo relativamente longo descobrir o que este sonho queria dizer. Ontem, meio insone, à quatro da manhã, descobri. O sonho quer dizer para mim que há um monte de oportunidades de fazer algo melhor (para mim, Londres era o intervalo em que eu estaria me ajeitando para poder voar mais alto) mas que eu não estou preparado ainda!

Engraçado ter esta noção bem clara do que o sonho quer dizer. Me tirou um pouco do sono, fiquei um pouco preocupado, mas o cansaço foi maior que a preocupação e dormi. Resta o pensamento: o que exatamente ainda não arrumei? O que falta para decolar de verade? Será que eu realmente quero o que estou buscando atualmente? Dúvidas, dúvidas...

12.6.07

"O que importa é estar vivo"

Quem estuda administração, marketing ou outras ciências relacionadas viu em algum momento a hierarquia das necessidades de Maslow. Nesta hierarquia, o pensador mostra que há uma escala hierárquica das necessidades que devem ser supridas pelo ser humano, e que o produto ou serviço que se vende deve ter esta escala em consideração na hora de fazer o seu marketing.

Pensei nesta pirâmide depois de uns dias remoendo a frase que escutei no ônibus. Era uma conversa entre duas mulheres, eu entre elas por conta do ônibus lotado, e uma falava que havia sido assaltada uns dias antes, que estava sem dinheiro até para pagar o ônibus, que deixou fiado a passagem daquele dia, mas que nada disso importava, pois o que importa mesmo é estar vivo.

Vem um pouco de sentimento de culpa por ter pensamentos e desejos tão distantes daqueles da maioria da população. Como disse a minha patroa (que felizmente sempre me dá uma perspectiva diferente das coisas), talvez para a maior parte das pessoas essa seja realmente a única coisa que importa. Sabe-se lá do que elas estão escapando por estarem vivas. Não há preocupações de outro nível que não a comida, o abrigo, a vestimenta, tudo sem luxo. Prato bom é prato cheio. Roupa boa é roupa limpa e sem furos. Casa boa é casa segura, à prova de ladrões e enchentes.

Mas será que a vida é só isso, estar vivo? E será que a vida é isso, ficar perseguindo resultados toda hora para mostrar para alguém e justificar seu trabalho, seu emprego? Onde fica a arte, cria-se para quê, para quem? Onde fica o ócio, pode ser criativo ou produtivo, tanto faz, mas o tempo que se passa com a cabeça leve, sem pensar em criar algo que dê retorno? Onde fica a poesia?

É um mundo ainda primitivo, a cada dia compreendo melhor o que os Espíritas dizem quando afirmam estarmos em um mundo no segundo degrau da escala evolucionária, que há muito chão pela frente. Não conseguimos ainda nos livrar de aparências, não conseguimos ainda focar no que é importante. Talvez um dia, daqui a algumas encarnações, consigamos. Ruim é quando se tem a consciência de que viver não é só estar vivo, mas que há pouco o que se pode fazer para mudar isso.

24.5.07

Mundo corporativo

O mundo corporativo é engraçado. Como em todos os lugares, estamos sujeitos a cometer erros, alguns até bem graves (leia-se bem, graves do ponto de vista financeiro, um erro que pode implicar na perda de clientes, ou na perda de receita, enfim, dinheiro dos acionistas que vai pelo ralo). Mas, longe de nos preocuparmos com este dinheiro, estamos preocupados é com a mijada que levaremos do chefe.

É isso mesmo, no fundo somos ainda crianças. Quando cometemos um erro, tentamos fazer com que ninguém descubra-o para continuarmos trabalhando em paz e tentar não repetir o erro. E, quem sabe, fazer com que a memória coletiva esqueça o erro cometido. A primeira reação ao errar é "putz, vou levar uma mijada do meu (da minha) chefe". É fatal, somos crianças ainda, não crescemos. Temos medo de ser descobertos, de levar uma carraspana, uma surra.

E li estes tempos que os grandes executivos na verdade são como crianças mimadas. As empresas dão tudo a eles, pela estrutura empresarial muitos dos erros acabam sendo deixados de lado e relevados, como se faz com toda criança mimada, e eles assumem responsabilidades parciais pelas coisas.

Acho que temos até mais medo da bronca do chefe que a demissão. Neste caso, a demissão só apavora se vier com bronca. Se não vier, ufa, pelo menos não fui desancado...

23.5.07

Um grande vazio

Está na capa da Carta Capital, um milhão de brasileiros tomam Prozac diariamente. Na Inglaterra, já há traços do anti-depressivo na água dos rios. É Prozac que sai no xixi dos ingleses. A fabricante do Prozac depende deste produto que representa 25% de suas receitas. O que há de errado no mundo?

A maior parte das pessoas vive existências sem sentido, em um mundo que não oferece grandes perspectivas de vida futura. Os objetivos são quase todos eles materiais: ter uma casa grande, ter um emprego bacana, que me pague bem, comprar um carro, viajar etc. Não há objetivos morais ou espirituais na maioria das pessoas, ainda que a maioria delas almeje uma vida calma em família e junto aos amigos. Algo se perdeu nessa trajetória.

A rotina é de desempenho, de busca incessante de lucro (e estou nessa também, aplico na bolsa de valores...), de conquistas. Parece linguagem de guerra. Conquistar mercados, aumentar o patrimônio, ter mais, mais, mais... E se você trabalha em uma grande empresa, você se sente um boi sendo sugado por parasitas que querem sempre mais, para quem nada nunca está bom o suficiente. Um mundo estranho. E isto que somos nós que fazemos este mundo. Que mundo...

A continuar do jeito que está, o mundo acaba logo e aí teremos um novo mundo. Vivemos um momento de mudanças, espera-se que para melhor. Mas acho que ainda temos um tanto de estrada até o fundo do poço antes de começarmos a subir.

21.5.07

Reflexões matinais

Houve uma época em que o rock, ou grande parte dele, era de protesto. Os tempos eram bicudos, os Estados Unidos estavam enfiados até o pescoço no Vietnã, uns dez anos depois a economia era desalentadora, não havia espaço para nada. No primeiro caso, o rock foi meio psicodélico e altamente político. No segundo, o rock foi pancada absoluta e gerou o punk, anarquista até a medula.
Mas aí vieram os anos 80, começou a década do individualismo e o protesto foi minguando. Hoje, nada parece mais anacrônico que uma banda começar a fazer música de protesto. Foi o que senti escutando o último disco do U2 (quer dizer, toda a discografia da banda, do primeiro álbum em 1980 até o último). O som continua bacana, mesmo as músicas antigas permanecem atuais, mas acaba provocando um certo desconforto escutar as canções que falam de Martin Luther King, do Domingo Sangrento na Irlanda, do Apartheid, enfim, de todas as bandeiras que eles desfraldaram.
A realidade hoje é a da música eletrônica. Uma batida hipnótica que faz as pessoas se mexerem, normalmente embaladas com alguma quantidade de psicotrópicos, sem letra alguma, uma ode ao hedonismo puro. Não é necessário pensar, aliás, quanto menos se pensar melhor. O volume da música já é feito para que não se converse, não se interaja com quem está ao redor. Tudo fica limitado às sensações, nada de reflexão.
E isto não quer dizer que o mundo não esteja precisando de alguém que proteste. A desigualdade diminui em todo o mundo, sim, mas a que preço? Destruiremos o planeta antes que toda a sua população tenha condições de viver com um mínimo de decência. Não sabemos direito porque fazemos tudo o que fazemos, mas continuamos fazendo porque não há alternativas. É uma vida sem sentido, sem objetivos, e parece que continuaremos assim por um bom tempo.
Agora, quem protestará? A última moda é ser emo, falar de idiotices fúteis e banais e ainda por cima vender milhares de discos. Quase quase tá na hora de uma segunda onda punk aparecer...

18.5.07

Voglio di più

Vita spericolata

Voglio uma vita maleducata
Di quelle vite fatte fatte così
Voglio uma vita, che se ne frega
Che se ne frega di tutto sì
Voglio uma vita che non è mai tardi
Di quelle que non dormi mai
Voglio uma vita di quelle che non si sa mai

E poi ci troveremo come le star
A bere del whisky al Roxy Bar
O forse non c’incontreremo mai
Ognuno a rincorrere i suoi guai
Ognuno col suo viaggio
Ognuno diverso
E ognuno in fondo perso
Dentro i cazzi suoi

Voglio una vita spericolata
Voglio una vita come quelle dei film
Voglio una vita esagerata
Voglio una vita come Steve McQueen
Voglio una vita che non é mai tardi
Di quelle che non dormi mai
Voglio una vita, la voglio piena di guai

E poi ci troveremo come le star
A bere del whisky al Roxy Bar
O forse non c’incontreremo mai
Ognuno a rincorrere i suoi guai
Ognuno col suo viaggio
Ognuno diverso
E ognuno in fondo perso
Dentro i cazzi suoi

(Vasco Rossi)

Ah, que vontade...

14.5.07

Coisas de outro tempo

Cortar o cabelo no Salão Oásis, com o seu Silvino, pode ser o melhor desopilador de fígado que pode existir. Em primeiro lugar, paga-se muito pouco pelo corte (R$ 5), o que, em minha cabeleira devastada pela calvície, é um preço justo. Em segundo lugar, e talvez até mais importante que o corte em si, é a conversa.

Na última vez em que lá estive, escutei duas coisas. Primeiro, que o Paranavaí sagrou-se "campeon
" (é isso aí, campeon, nada de campeão) do Campeonato Paranaense de Futebol. Putz, minha avó não consegue falar o til, escutar o seu Silvino, com cara de bom vovô, falando isto, me lembra um avô de quem não tenho recordações.

A segunda, melhor ainda, é quando se falava da ganância infinita dos seres humanos, que sempre querem mais, mais, mais. Ele comentava dos ricaços que ganhavam milhões de reais, que não têm onde enfiar grana, e falava das possibilidades destes caras em conseguir mulheres. "Eles se quiserem chamar a Xuxa, chamam. Eles se quiserem chamar uma francesa, eles chamam!" É uma conversa de alguém que ainda acha as prostitutas francesas o máximo do luxo neste ramo de atividade.

Só gostaria que meu cabelo crescesse mais rápido...

Obs.: o fato de a mesma frase mencionar a Xuxa e as prostitutas francesas não implica necessariamente que esta siga a profissão daquelas.

23.4.07

100 posts

Eu ia escrever algo completamente diferente do que estou escrevendo, ainda que não tivesse idéia alguma do que escrever, mas quando vi que este seria o centésimo post, então resolvi falar sobre ele.

Não que eu esteja contando, mas como o programa conta para você e te avisa que há 99 posts antes desse, então, ficamos contentes que chegamos a 100 de alguma coisa. Cem é um número redondo, cem é mágico, cem é simbólico, é uma centena de coisas que você escreveu e, mesmo que ninguém tenha lido, está lá, registrado.

Uma centena de dias em que você parou alguns minutos para ordenar algumas idéias. Cem vezes em que havia algo a ser dito, ainda que completamente irrelevante na maioria dos casos, mas que foram ditas. Talvez esta seja a mágica da Internet, ter um espaço para falar qualquer idiotice ou sandice sem preocupações (desde que não sejam calúnias, injúrias e difamações) e eventualmente ter leitores para isto.

É bacana, foram cem. Espero ser um pouco mais constante para que os próximos cem não demorem tanto a mais. Afinal, é um dos objetivos depender de minhas mãos apenas (cozinhando ou escrevendo ou ambos, não sei ainda). E para qualquer um desses, é preciso treinar. (Espero que o peixe de ontem tenha sido bom...). A bien tôt.

28.3.07

Brutalidade

Embrutece-se quando o trabalho não te dá sentido algum que não o de ser a garantia de receitas no fim do mês.

Embrutece-se quando o cotidiano não te dá esperanças de que amanhã será melhor, por mínima que seja a melhoria.

Embrutece-se quando se esquece a gentileza em alguma gaveta e se sai de casa distribuindo patadas e grosserias por qualquer coisa, mesmo quando não há motivo para tal.

Embrutece-se quando esquecemos que a vida não é apenas esta, que há muito mais coisas para serem vividas aqui e em outras encarnações, e quando esquecemos isto, tornamo-nos apenas as bestas que deveríamos já deixar de ser.

14.3.07

Bolsa de valores para idiotas

Vai aqui um pequeno manual para entrar na Bolsa de Valores, caso você não saiba nada sobre ela:

1 - Se você é um investidor pequeno, você continuará pequeno.

2 - Se você nunca leu nada sobre economia, é quase certo que você perderá muito mais dinheiro que ganhará.

3 - Se você acha que vai ficar rico de uma hora para outra sem muito esforço, melhor jogar na Mega-Sena.

4 - E lembre-se, você não controla absolutamente nada, há gente que estuda isto há anos para fazer com que seus clientes miliardários tenham lucros em cima de gente como você, que não sabe nada da bolsa.

Portanto, desista. Vale mais a pena.

13.3.07

Barbárie II

A barbárie continua. Os bandidos agora jogam crianças pela janela do carro em fuga. Um pedreiro bêbado estupra uma criança de dois anos na pia batismal de uma igreja evangélica e a mata. A cada dia há uma novidade escabrosa.

Mas acho que o pior sinal de barbárie vem das pessoas ditas civilizadas, educadas e cultas, que diante de todos estes sinais proclamam que a única solução é a pena de morte. São pessoas que dizem que prezam a justiça, que praticam a caridade, "mas contra estes monstros só matando mesmo, vê se um cara desses merece uma chance de se regenear!!", este é o lema deles. E muitos dos que defendem a pena de morte são contra o aborto, em uma incongruência lamentável.

Vivemos em uma época doentia, em que a brutalidade é a regra, em todos os campos da vida. O ser humano anda brutal nos negócios, no mercado de trabalho (todos são meus concorrentes), nas relações sentimentais (um quer ser o dominador do outro), no sexo (fetiches bizarros com toques de sadismo e masoquismo são comuns), no lazer, enfim, tudo. Somos seres brutos, retrocedidos a um estado que muitos pensavam ter acabado quando saímos das cavernas e montamos as primeiras cabanas, mas que dá mostras diárias de que o selvagem de lá trás anda bem vivinho dentro da gente.

7.3.07

Cultura inútil

Tem um artigo na Carta Capital desta semana que é, desculpem-me pelo trocadilho, capital. Fala sobre a cultura das celebridades e em como a não cultura é o aspecto dominante da cultura atual.
Por não cultura entenda-se a discussão midiática a respeito do nada, o culto às celebridades que nada têm a acrescentar às pessoas. Os estudiosos dissem que as pessoas perderam a capacidade de imaginar a própria vida e por isso ficam se "deleitando" com a vida dos outros.
As coisas tão pretas. Tá na hora de uma reviravolta na humanidade. Ou acabaremos todos em um grande Big Brother. Ablué!!!

26.2.07

Pequenas boas notícias

Vendo o jornal no fim de semana, cheguei a uma conclusão (que pode ser revista a qualquer momento, diga-se de passagem). Para mim, o Brasil só vai pra frente devido a uma grande série de pequenas boas notícias.

Digo isto porque há sempre uma avalanche de más notícias em nosso País. A criminalidade correndo solta, a impunidade reinando desde os grandes criminosos, muitas vezes estes travestidos de senadores, deputados e outros "dotôres da lei", a corrupção que grassa no Poder Público e rouba dinheiro que deveria ser aplicado em Saúde e Educação, uma legislação trabalhista, previdenciária e tributária caindo de podre, enfim, notícia ruim é o que não falta.

Mas são as notícias pequenas que trazem alento. Saber que o BC tá comprando dólar adoidado para segurar a situação significa que os juros vão baixar rapidinho, ou o País não vai exportar nem mulata daqui a pouco. Saber que o volume de dinheiro captado na Bovespa pelas empresas já é superior ao captado em bancos. Ver que há cidades em que projetos simples conseguem erradicar o analfabetismo. Saber que finalmente as empresas de Saneamento estão notificando os vagabundos que jogam o esgoto em fossas quando têm a rede coletora em frente a casa e não fizeram a ligação por "não saber que tinha" (mas reclamaram pra caramba quando se cavava o buraco para por o quê?, tatu em frente a casa?). Que o Instituto de Neurociências de Natal já tá funcionando e bem.

Claro, estas notícias não dão manchete pois não chamam a atenção. No news is good news, bad news is good saling news, good news isn't news, modificando um pouco o ditado que faz jornais no mundo todo venderem. Mas temos que ir pescando estas notícias para acreditar que este País enfim deixará de ser do futuro para ser do presente.

Oxalá meu pai!!

16.2.07

Armas e munições

Dia destes vi uma moça ainda mais feia que a Tati Quebra Barraco.

Ela levava uma camiseta onde estava escrito "Exército de Cristo".

Meu, nesse exército ela é ou um canhão ou um obus.

Deus me livre!!

13.2.07

Nacionalistas ou idiotas?

O mundo fica a cada dia menor por conta da Internet. Não importa onde você esteja, se você tiver um computador, você está em contato com o mundo. Você pode comprar livros em nepalês, filmes em turcomeno, baixar músicas em algum dialeto que está por desaparecer e, principalmente, trabalhar para qualquer empresa do mundo que exija de você teu capital intelectual, e não tua presença física.

Mas há um bando de gente que não entendeu isso ainda. Essas pessoas tentam se intitular de nacionalistas, mas na verdade são apenas um bando de idiotas. Idiotas porque normalmente são pessoas que não entenderam que seus países só prosperarão se aceitarem a vinda de estrangeiros.

A Europa está a cada dia mais velha. Se eles não "importarem" trabalhadores, não haverá ninguém para pagar a conta das aposentadorias. Nos Estados Unidos, se mandarem embora todos os hispânicos que lá estão, os restaurantes fecham ou vendem comida congelada esquentada no microondas em pratos de plástico e a indústria da construção civil deixa de existir. Simples assim.

Claro, o tema me é mais caro quando tenho um irmão na Alemanha. Lá, a gentileza e a cortesia germânicas, propaladas aos quatro ventos no mundo inteiro, já o fizeram sentir que a vida não será bolinho. Afinal, como um brasileiro pode não ser negro, não saber sambar e ainda por cima estar fazendo doutorado!? Não, não é possível. São idiotas assim que fazem o mundo ficar parado e não evoluir. Que fazem as pessoas manterem fronteiras estúpidas que só aprisionam, principalmente porque as fronteiras estão desenhadas na cabeça delas, e elas não conseguem superá-las.

Tristes tempos...

9.2.07

Céus de chumbo

Olho para fora da janela e não vejo o céu. Há uma manta espessa de nuves que, neste fim de tarde, oscila entre o cinza claro e o escuro. As nuvens correm no céu, sinal de que há vento. Fará sol este fim de semana? Choverá horrores?

Viver um fim de tarde de sexta-feira com tempo feio é algo melancólico. Você ainda está no trabalho, olhando para fora, esperando uma última mensagem chegar, fechando o último negócio, querendo até ir embora, mas vendo o clima lá fora e pensando que não há tanta motivação para sair. Também não há muita para ficar, mas você fica.

Assim, termina a semana de trabalho, longuíssima semana de trabalho. Vamos esperar que as nuvens vão embora para o sol brilhar sobre nossas cabeças.

Oxalá meu pai!!!

8.2.07

Barbárie

Tem vezes que não dá nem para chegar perto do noticiário. Os crimes hediondos se multiplicam de uma maneira tal que é de duvidar que a humanidade realmente esteja progredindo.

(Me reservo o direito de não dizer que crimes são pois passo mal.)

No entanto, já estava previsto que a humanidade passaria por momentos bem ruins, que esta era é uma das últimas chances neste plano de alguns espíritos recuperarem seus débitos. Infelizmente, parece que eles não estão aproveitando esta oportunidade.

E aí, resta aos cidadãos de bens ou calar ou tentar mudar algo. Tá difícil, mas não podemos desistir nunca. Fé e pé na tábua.

6.2.07

Futebol?

No instante em que escrevo este post, joga Brasil e Portugal. Tem gente que nem soube que haveria este jogo. Mas também, isto não faz diferença alguma.

O futebol brasileiro morre a cada dia. Não há quase nenhum (ou nenhum? Tô com preguiça de procurar a informação) jogador que atue no Brasil. Não há quase nenhum vínculo dos jogadores com os torcedores do País, nem com o País, para ser mais preciso.

Nossos dirigentes são patéticos, não há praticamente nenhum dirigente que pense o futebol como ele é hoje, uma máquina de fazer dinheiro. Olham para seus clubes como paróquias onde eles ganham alguns votos e algum ganha pão. Os estádios são ridículos, os campeonatos a cada ano ficam piores, e nem a Globo é capaz de salvá-los.

Por isso, ver ou não o jogo é indiferente. Não comove nem mexe com ninguém. Seria melhor pararmos com todo o futebol no Brasil, manter apenas os amadores jogando, e ver se acontece uma evolução darwiniana no meio. Quem sabe daqui a cinqüenta mil anos a coisa melhora...

5.2.07

O que fazer

As notícias são alarmantes. Como escrevi no post anterior, o planeta vai ferver, e mesmo que comecemos a fazer algo agora, durante 100 anos a Terra vai ficar mais quente do que deveria.

E o que é possível fazer nesta situação? Bom, ontem o Estado de S. Paulo trouxe uma matéria bacana de que é possível começar a fazer algo já: plantar árvores.

Árvores, ou como dizem os cientistas, a biomassa, são na prática prisões de carbono. Elas retém carbono que é liberado na atmosfera quando elas são queimadas. Elas também tem a função de filtro, ao fazer a troca de gás carbônico e oxigênio (mas veja bem, elas consomem quase tanto oxigênio quanto consomem. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas sim o seu ventilador).

O artigo diz que cada um pode calcular o seu gasto, o próprio impacto na atmosfera, e sair plantando árvores por aí. E finalmente começa-se a falar de recuperar as matas na beira dos rios, estes que concretamos para construir cidades sobre ou que aplainamos para meter uma plantação de soja.

Será que podemos vislumbrar um planeta verde para os próximos 100 anos?

2.2.07

Ferveu!!!

Não há mais o que dizer o contrário. A Terra ferveu!!! Os oceanos sobem, os ventos estão mais fortes, as chances de desastres meteorológicos são maiores, enfim, estamos em uma sinuca de bico.

Claro que virão alguns tentando dizer que não é bem assim. Estes são aqueles que vivem de indústrias poluidoras, que não se preocupam com o legado que deixarão para seus filhos e netos e principalmente aqueles que querem o lucro a todo custo, agora e já.

É trágico e preocupante o que fazemos com o mundo, mas pode ser o momento de refletirmos sobre o que viemos fazer aqui e qual é a nossa missão neste planeta. Se entendermos que estamos aqui para melhorar, pode ser que haja uma solução. Agora, se acharmos que para o planeta não acabar é necessário consumir "verde", mas consumir, lascou de vez.

Oremos.

1.2.07

Velhos Amigos

Dois dias, dois reencontros com o passado. Um velho amigo dos tempos do escotismo agora é o contador da minha esposa. Outro amigo dos tempos da faculdade (a segunda) vai casar.

Durante a vida, nos aproximamos e nos afastamos de um monte de gente. De algumas pessoas o afastamento é praticamente inevitável. Mudança de cidade, de país, de estilos de vida, podem afastar-nos dos antigos contatos (podem, mas não acontece, viu, Negrón!!).

De outras, não há razão alguma para nos afastarmos. Mesmo que elas sejam muito legais, bacanas, por alguma razão o laço próximo vai ficando mais distante, a vontade de ligar vai diminuindo e, mesmo que haja aquela boa lembrança e sensação de ser uma pessoa bacana e querida, a gente não liga. Fica meio sem graça, vai dizer o quê?, afinal, tanto tempo se passou, será que ela ainda se lembra de mim. E assim, vamos deixando a reaproximação para um depois que nunca chega.

São caminhos estranhos os que trilhamos ao longo desta vida. Há um porquê de termos encontrado todas as pessoas que encontramos. Por que escolhemos algumas apenas para nos acompanharem por toda a vida, não sei. Mas ainda bem que elas estão conosco.

12.1.07

Loucura

Deve ser um sinal dos tempos, ou do fim deles. A cada dia, as ruas de Curitiba ganham um novo personagem maluco. Mas maluco de pedra, não apenas um carinha engraçadinho querendo aparecer. Gente doida mesmo, além dos limites da imaginação.

Gente que fala sozinha, gente que anda gesticulando algo como "vamos, vamos, depressa" no meio da rua, gente que para e olha para cima sem ver nada, ou melhor, eles vêem alguma coisa, nós é que não, gente que está em outro mundo, literalmente.

Quando digo que é um sinal dos tempos, é que a maior parte de nós já é completamente maluca. Trabalhamos pelo menos oito horas por dia em ambientes fechados à frente de um computador. Se vacilar, nosso único contato com outros seres humanos é através do computador. Vivemos a maior parte do tempo desperto no trabalho, deixando à família as sobras deste tempo. Vivemos em cidades grandes, poluídas, desorganizadas. Aceitamos um governo medíocre como o nosso passivamente, como se fosse algo divino ao qual não temos saída.

A única coisa é que ainda são poucos os que assumem a sua loucura e saem por aí falando com personagens invisíveis (ou não?) e dizendo o que lhes dá na telha.

Às vezes dá uma vontadinha...

2.1.07

Paradoxo

Enforcaram o Saddam Hussein. Fizeram até um pretenso julgamento para condená-lo, como se os americanos não estivessem loucos para fazer isto desde o dia em que o capturaram. Mas ficaram com ele até um tribunal composto sabe-se lá por quem julgasse-o culpado pelo que fez. É culpado sim, mas como sou contra a pena de morte em quaisquer circunstâncias, é uma barbárie.

E daí ficam reclamando que o vídeo do enforcamento vazou na rede!! Como se isto não fosse acontecer, todo mundo tem um celular com câmera, qualquer pisada na bola vai pra rede. E uma execução destas, como não iria?!

Ridículo é reclamar que este vídeo foi pro ar, quando há coisas bem mais graves acontecendo lá mesmo. São mais de três mil soldados americanos mortos, um sem número de vítimas iraquianas, quantidade que aumenta a cada dia por conta de carros-bomba, um monte de acusações de violações dos direitos humanos por parte dos soldados americanos, enfim, a lista é longa.

Mas o lance é bancar o puritano e condenar o vazamento do vídeo da forca do Saddam. Patético, para dizer o mínimo. É como ter uma casa à beira da ruína e reclamar do brilho das maçanetas. Tudo deve ser trocado, mas prioridade nas coisas, por favor!