Pesquisa do Palavrório

25.5.11

Problemas na matriz energética chinesa já afetam economia brasileira

(Não gosto de ser catastrofista, mas às vezes é inevitável. Artigo publicado na www.bussoladoinvestidor.com.br em 25/05/2011)
Gigante asiático enfrenta escassez de energia e maior seca dos últimos 50 anos e as consequências serão globais

Da redação InvestMais

Em uma época em que a China é a grande locomotiva da economia mundial, duas notícias recentes sobre o país - uma divulgada ontem pelo New York Times e outra hoje pelo Financial Times – devem colocar o investidor em estado de alerta máximo, principalmente pelas possíveis consequências para a economia brasileira, em um primeiro momento, e para a economia mundial na sequência, essa economia que ainda não se recuperou do baque sofrido em setembro de 2008.
A primeira notícia, publicada pelo New York Times, fala sobre a matriz energética chinesa e os conflitos que começam a aparecer entre as empresas geradoras de energia e o governo chinês. Ainda que as empresas sejam controladas pelo estado, elas também têm ações na bolsa de Xangai. Logo, prestam contas para seus investidores. Pois bem, na China o preço da energia elétrica cobrado do consumidor é controlado pelo governo, mas o preço do carvão foi liberado em 2008. Vale lembrar que o carvão é responsável por 73% da geração de energia da China, enquanto a matriz hidroelétrica responde por apenas 22%.
Com o crescimento da economia, os chineses foram às compras de todos os eletrodomésticos possíveis e imagináveis, mas um em especial é o best-seller por lá: ar-condicionado (para aquecer ou resfriar). E esse equipamento é um sugador contumaz de energia. O resultado é que a demanda por energia subiu muito, o preço do carvão subiu junto mas o preço cobrado dos consumidores não (o governo não autoriza aumentos grandes para não jogar mais lenha na fogueira da inflação). Por conta disso, as empresas produtoras de energia estão fazendo corpo mole na geração, usando diversos subterfúgios para não entregar energia: manutenção preventiva mais frequente, adiamento da construção de novas plantas, menos horas de trabalho diárias etc. As empresas alegam que, se não houver reajuste, as empresas quebrarão.
Em várias cidades da China o racionamento de energia já é uma realidade. Por conta do racionamento, as empresas começaram a comprar menos commodities de países como o Brasil e a Austrália, o que já provocou uma queda de 10% nas cotações do ferro e do cobre nesse ano. Para o Brasil, essa é uma péssima notícia, pois em 2009 a bolsa brasileira teve um desempenho excepcional ajudada e muito pela demanda chinesa por commodities, que manteve as cotações em alta.
A segunda notícia diz respeito à dificuldade chinesa em trocar a sua matriz energética. Quando se diz que 22% da energia chinesa provém de hidrelétricas, quer se dizer que esses 22% acontecem em condições meteorológicas normais, com os reservatórios cheios. Mas o FT de hoje mostra que a China passa pela sua pior seca dos últimos 50 anos. Sem água para encher os reservatórios, o país continuará dependendo do carvão para gerar energia. Não por acaso a China é o maior investidor mundial na pesquisa de fontes de energia renováveis, em especial a energia eólica, mas ela ainda é mais cara que fontes tradicionais. Ou seja, nada no curto prazo indica que a situação mudará na China.
Para o Brasil, o primeiro impacto é nas cotações das commodities. Uma China comprando menos significará menos exportação de minério de ferro (o que afeta diretamente os resultados da Vale) e reduzirá as cotações de petróleo no mundo (Petrobras). Se houver recessão na China, com redução da renda, haverá menos exportação de alimentos (BRFoods, Marfrig, JBS e afins). Do outro lado, se os preços da energia subirem na China, haverá uma chance de os produtos de lá subirem de preço e a indústria brasileira voltar a ser competitiva. Essa é uma hipótese um pouco mais remota, mas que já é realidade nos Estados Unidos, por exemplo, onde as recentes altas no custo da mão-de-obra chinesa voltaram a tornar a manufatura americana mais barata que a chinesa, somando custos de logística, burocracia e os outros extras, em alguns casos. Claro, estamos falando de um país com uma legislação trabalhista decente (os EUA), não a nossa getulista legislação.
O resumo de tudo é que a China passa por um momento delicado. O país não tem fontes de energia suficientes para abastecer sua demanda com preços baixos e por isso ou reajusta os preços praticados ao consumidor – e vê sua vantagem competitiva reduzir-se significativamente – ou reduz a demanda – o que significa conter bastante o crescimento. A industrialização acelerada também tem provocado mudanças significativas no meio ambiente, esgotando os recursos naturais do país. Como o país sairá dessa encruzilhada, não se sabe, mas com certeza tudo o que acontecer por lá terá reflexos por aqui. Investidor, fique de olho!

Bons Investimentos!

23.5.11

Europa joga mais risco nos mercados

Artigo publicado no site GuiaInvest em 23/05/2011

Crise fiscal e consequências políticas nos países europeus deixam o cenário ainda mais instável e imprevisível
Da redação InvestMais
A semana começa com notícias muito ruins para os investidores, a maior parte delas tendo como origem a Europa e sua crise fiscal. Fica difícil até colocar uma ordem de importância nas notícias desse fim de semana, mas é necessário para o investidor perceber que a situação europeia é um dos principais drivers do mercado atualmente, e que enquanto não houver uma saída clara para os problemas europeus, os mercados mundiais andarão de lado.
O principal problema dos europeus é a crise fiscal. A Grécia foi o primeiro país a cair, recebeu ajuda da União Europeia, ajuda essa que foi insuficiente para colocar o país nos eixos e agora ela pleiteava um novo empréstimo para poder rolar sua dívida. Pois bem, com a prisão de Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, a negociação do novo empréstimo foi interrompida e o risco de a Grécia decretar uma moratória em sua dívida cresceu muito, a ponto de o governo grego ter admitido pela primeira vez, nesse fim de semana, que a moratória é possível. É um péssimo sinal para o continente europeu.
Péssimo porque chama a atenção para os outros países em dificuldade no continente. A Irlanda já recebeu um grande pacote de ajuda, mas não se sabe ainda se ele gerou resultados positivos ou não. Portugal também receberá ajuda para tentar por a casa em ordem, mas é muito cedo para dizer se terá sucesso ou não. A agência Standard & Poor’s rebaixou a perspectiva da classificação de crédito da Itália, jogando mais lenha na fogueira da crise fiscal dos PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Enfim, a crise fiscal nesses países é grande, e como todos eles fazem parte da zona do euro, o que acontece em um tem reflexo imediato nos outros 15 que também usam a moeda única europeia.
E como a economia é o principal fator decisivo em uma eleição, a população começou a mostrar seu descontentamento nas urnas. Na Espanha, o governo do primeiro ministro Jose Zapatero sofreu uma derrota estrondosa nas eleições regionais. Na Itália, Silvio Berlusconi também sofreu nas urnas. O mesmo aconteceu em Portugal, na Alemanha e em todos os países onde estão acontecendo eleições. O resultado é sempre o mesmo: a população vota contra o partido no poder, não importa de qual tendência ele seja, direita ou esquerda. Para os mercados, isso é um mau sinal pois nunca se sabe se o governo que entra manterá os compromissos assumidos pelo que sai. Enfim, a situação na Europa é crítica.
O primeiro reflexo de toda essa confusão é a queda nas cotações das commodities. Como a economia europeia está fraca, haverá menos demanda por commodities, o que é ruim para o Brasil, cuja pauta de exportação é dominada por elas. O segundo é o aumento da aversão ao risco. Os investidores desmobilizam suas posições nos mercados emergentes e migram para aplicações mais seguras, em especial os títulos do Tesouro Americano. Assim, diminui a liquidez nas bolsas de valores. A Bovespa tem sofrido com esse fluxo de dólares para o estrangeiro.
Ainda há outros fatores que o investidor deve monitorar para poder fazer uma escolha sensata com seu dinheiro. A China continua em seu processo de redução do ritmo do crescimento, o que afetará a demanda de commodities e, por conseguinte, suas cotações. Os Estados Unidos vêm se recuperando mas não tão rápido quanto desejado nem tão linear quanto esperado, ainda é uma corrida cheia de tropeços. É um cenário muito complicado que elimina a possibilidade de haver um norte claro para os mercados e que requer do investidor cautela redobrada, sob o risco de as perdas atuais não poderem ser compensadas com os ganhos futuros.
Bons Investimentos!

20.5.11

A economia mundial está emperrada, e quem sofre é a bolsa

Artigo publicado no site www.insidernews.com.br em 20/05/2011

Da redação InvestMais

Os mercados amanhecerem hoje com muito medo do que pode acontecer na Europa. Além dos problemas já conhecidos e que não eram poucos - a necessidade da reestruturação da dívida grega (nome bonito para calote), os problemas fiscais de Irlanda e Portugal, as eleições próximas na Espanha e um euro forte na relação com outras moedas – a prisão do agora ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss Kahn, complicou tudo. O FMI é peça chave para que a grave situação europeia seja gerenciada de maneira ponderada, e a saída de DSK colocou muita incerteza no cenário e, por consequência, como não há um direcionamento claro para a economia mundial, as bolsas globais têm sofrido, independente do balanço bom das empresas.

Para ler a íntegra desse artigo, clique aqui.

18.5.11

O governo atrapalha o investidor - de novo!

Texto publicado no site www.bussoladoinvestidor.com.br em 18/05/2011

Interferência da administração federal prejudica o desempenho das duas maiores empresas da bolsa brasileira - Vale e Petrobras

Da redação InvestMais

O governo brasileiro (não importa de que partido) considera que todos os cidadãos são incompetentes para gerir o seu dinheiro, que ele deve legislar sobre todos os aspectos da vida (a última piada é a proposta de lei de incluir avisos contra o câncer de próstata em cuecas) e que somente ele sabe o que é melhor para o país. Pouco importa os raros exemplos do passado em que os governantes privatizaram alguma coisa que, logo em seguida, se tornaram empresas de grande sucesso: Vale, Embraer, CSN, Usiminas, as telefônicas etc. O governo sempre estende seus tentáculos de polvo para tentar controlar tudo.
Os dois últimos exemplos dizem respeito à Petrobras e a Vale, que juntas representam cerca de um quarto do Ibovespa. São exemplos que deveriam acender todas as luzes de alerta no investidor por conta do potencial de estrago que a interferência governamental pode provocar nas cotações das ações dessas empresas. E, de novo, o governo não aprendeu a lição. As ações da Petrobras patinaram em 2010 por conta das incertezas do processo de capitalização da empresa para explorar o pré-sal, devido aos desejos do então presidente Luís Inácio da Silva. A Vale sofre em 2011 por conta dos reflexos da troca intempestiva do seu presidente, Roger Agnelli, por ele não agradar o partido que está no poder.
Pois bem, a situação continua ruim. Na última reunião do Conselho de Administração da Petrobras, o seu maior acionista, o Tesouro Nacional, ordenou que seja feito um corte de R$ 35 bilhões no plano de investimento da empresa. A notícia foi veiculada pelo jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo, em sua edição de hoje. O que significa esse corte? Significa reduzir a demanda, ou seja, reduzir a pressão inflacionária no mercado brasileiro. Além disso, o governo também ordenou à empresa que não suba os preços da gasolina e do diesel para ajudar no combate à inflação. A primeira decisão atrasará o início da produção e comercialização do petróleo do pré-sal, reduzindo as receitas da Petrobras. O segundo pode não reduzir receitas, mas reduz a margem de lucro da empresa (o que a empresa já avisou que acontecerá no balanço do 2T11). Em resumo, só é um bom negócio para o governo. Para os milhares de acionistas da empresa, é uma péssima notícia.
Do lado da Vale, as pressões governamentais para a troca de Agnelli por um presidente mais cordato deixaram suas marcas. Os custos de captação da Vale no mercado internacional estão em seu nível mais alto na comparação com a BHP Billiton, outra mineradora que tem o mesmo perfil da empresa. Como os investidores estrangeiros não escutam os discursos do ministro da Fazenda Guido Mantega (sorte deles), pouco importam as promessas, o que vale são os números e os fatos. E os fatos dizem que o governo quer intervir na Vale, a empresa de maior sucesso do Brasil nos últimos 10 anos. E como as intenções governamentais nem sempre coincidem com os desejos dos acionistas e investidores, eles aumentam as exigências para emprestar seu dinheiro, o que é mais do que natural. Como resultado, o lucro futuro da Vale pode cair para que ela honre os compromissos assumidos atualmente, pois terá que oferecer juros mais altos para captar dinheiro. Mais uma vez, péssimo negócio para os acionistas.
Uma das explicações para esse intervencionismo explícito (e, por ser explícito, negado diariamente pelas autoridades) é que esse governo acredita ter a solução para todos os problemas da economia, e que o dinheiro das empresas estatais deve servir ao governo, não às empresas. Mas o governo é um péssimo gestor de recursos, basta ver o que faz com os trilhões de reais que arrecada em impostos. Melhor seria se a administração se focasse em tornar a máquina pública mais eficiente e enxuta. Isso sim reduziria a inflação e geraria riqueza para o país, pois permitiria que houvesse menos carga tributária e geraria um boom de empreendedorismo que finalmente alçaria o Brasil à condição de país desenvolvido.
No entanto, isso não deve acontecer nessa administração. Por isso, investidor, se você quer ter papéis da Vale e da Petrobras na carteira, é natural, afinal, são ótimas empresas. Mas não espere muito delas enquanto o governo continuar metendo seus longos tentáculos na vida cotidiana dessas companhias. Enquanto isso acontecer, o retorno será mirrado.

Bons Investimentos!

17.5.11

Preconceituoso

Descobri que sou preconceituoso. Desde a edição do novo livro de Gramática Portuguesa, em que "os livro" e outras estultices passaram a ser válidas, descobri que sou um preconceituoso linguístico. É, foi isso que disse a professora que escreveu o livro. Em algumas situações, se você disser "os livro", "dez real" e afins você pode ser discriminado pela maneira como fala. E eu discrimino mesmo. Não suporto um "para mim fazer", odeio um "eu se garanto" e tenho pavor de erros de concordância verbal.
Mas também tenho outros preconceitos. Sou um preconceituoso matemático também. Não aguento ver pessoas usando a calculadora para subtrair 49 de 70, ou para somar 12 e 18. Quando vou pagar uma conta qualquer e dou uma nota redonda (10, 20 ou 50) e vejo a pessoa usando a calculadora para saber o quanto me deve de troco, tenho vontade de gritar: "ei, está com preguiça mental?". Sim, sou preconceituoso matemático.
E também sou preconceituoso geográfico. Quando alguém fala que Miami fica na Europa, ou não sabe se o Chile é da América do Sul, ou pergunta se Paris e Londres ficam no mesmo país, tenho vontade de esganar a pessoa e enviar um mapa-mundi goela abaixo do sujeito para ver se aprende. Não vou nem falar do meu preconceito histórico, gente que embaralha a história para ela lhe ficar mais conveniente. Tenho raiva mesmo!! (Se bem que, nesse caso, normalmente todos têm raiva, pois são os governantes de plantão que tentam reescrever a história para adequá-la à nova realidade)
É bom tomar cuidado. Tantos preconceitos assim me levarão à prisão. A única vantagem é que será uma espécie de nova ágora: todos os que prezam a educação estarão presos por não suportarem as estultices de um grupo de pseudo-intelectuais que tenta justificar a ignorância, com o único objetivo de perpetuá-la e manter os ignorantes submissos, aguardando a esmola governamental. Será bacana ficar filosofando sem ter nada o que fazer.
Tristes tempos...

16.5.11

Cuidado com as estrelas corporativas

Concentração de poder na mão de executivos nem sempre é sinal de boa saúde empresarial

Texto publicado no site GuiaInvest em 16/05/2011

Da redação InvestMais

Ontem o diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, foi preso em Nova York acusado de abusar sexualmente de uma funcionária do hotel onde estava hospedado. Foi o que bastou para jogar um balde de medo nos mercados financeiros europeus na manhã de segunda-feira. Praticamente todas as bolsas europeias operaram em baixa nesse dia, reflexo do temor de que as negociações de um novo pacote de ajuda para a Grécia sejam prejudicadas. O ponto de análise aqui, porém, não é o reflexo da prisão de Strauss-Kahn, mas sim a importância de uma única pessoa em uma instituição econômica relevante.
Uma instituição grande como o FMI não deveria ser tão impactado pela ausência de um de seus integrantes, mesmo que esse seja seu presidente. A grosso modo, deveria existir toda uma diretoria que pensa da mesma maneira e que, na ausência de uma pessoa, o restante do quadro fosse capaz de tocar os negócios adiante com a mesma competência e seguindo as mesmas diretrizes do chefe. O mercado, porém, não entendeu isso, e analisou que a ausência de Strauss-Kahn pode prejudicar todo o cenário econômico europeu. Não seria poder demais na mão de uma única pessoa?
Mas esse não é um caso isolado. Nas empresas listadas em bolsa, por exemplo, apesar de elas terem milhares de donos - seus acionistas - que manifestam sua vontade através dos conselhos de administração e das assembleias de acionistas, há uma expectativa enorme colocada sobre os líderes dessas empresas. Relembrem o caso da Vale. Roger Agnelli foi o presidente da empresa nos últimos 10 anos, e comandou uma equipe que alçou a empresa da sexta para a segunda colocação no ranking mundial das mineradoras. Sua equipe tornou a Vale a empresa mais importante da Bolsa brasileira, e uma mega geradora de dólares para o Brasil, conseguidos através da exportação de seus produtos. Mas Roger Agnelli balançou no cargo um tempo, e as ações da Vale balançaram junto. Será que ele concentrou demais o poder? Agnelli era o Sr. Vale e sem ele a Vale não é tão boa?
O CEO ou presidente hiper famoso é uma novidade no Brasil. Além de Agnelli, podemos pensar em Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, Luiz Eduardo Falco, da Oi, Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, mas não muitos mais. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, o culto ao CEO já é mais antigo. Steve Jobs, Bill Gates, Larry Ellison, Jack Welch, Lee Iacocca, Rupert Murdoch, Carlos Slim, Warren Buffett e Andy Groove, por exemplo, são nomes que podem ser ditos que automaticamente o nome de suas empresas vêm à tona. E a mídia econômica presta tanta atenção à saúde e ao comportamento dessas pessoas quanto aos balanços de suas empresas. Basta ver as oscilações dos papéis da Apple quando surgem novos rumores de problemas de saúde de Jobs.
As grandes empresas, longe de serem uma democracia, são na prática altamente autoritárias. Um presidente carismático escolhe diretores que pensem como ele e que não o enfrentem diretamente. Abaixo deles há uma multidão trabalhando para executar ordens e não para questioná-las. Os departamentos de Recursos Humanos das empresas podem dizer que não, que há meritocracia instalada, que as pessoas têm chances iguais, mas na prática o mundo empresarial concentra poder na mão de poucas pessoas. O mesmo acontece no mundo das finanças e na economia dos países. Quando Antônio Palocci teve que sair do Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula por ter ordenado a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Silva, houve dias de terror no mercado acionário local. Isso aconteceu mesmo sendo Palocci um representante de um conjunto de ideias, não o seu único defensor ou executor.
Um dos problemas do executivo chefe ser muito famoso ou personalista é que será difícil para ele admitir os próprios erros. É difícil para o ser humano reconhecer que errou, e quando um CEO atinge o estrelado corporativo, ele acreditará - na maioria dos casos - que conseguiu isso porque está certo de suas decisões e atitudes. Será difícil para ele reconhecer a necessidade de mudar o rumo das coisas quando os resultados não vão muito bem. Claro, isso vale para CEOs contratados, não para os fundadores de empresas que também são seus CEOs (Luiza Trajano e Abílio Diniz, por exemplo). Por isso esses CEOs têm um turn-over grande, vão trocando de empresa á medida que seus resultados vão piorando. E, o que é mais estranho, continuam chamando a atenção da mídia para si, mesmo não entregando resultados. Cuidado!
A lição que fica para o investidor é que, seja qual for a empresa que ele escolher para investir, é necessário avaliar também o seu quadro de diretores. Conhecer as pessoas que dirigem uma companhia é muito importante para poder fazer escolhas mais acertadas de investimento, e evitar ficar preso a uma personalidade empresarial. CEOs estrelas podem gerar muita mídia, mas não necessariamente geram muito resultado. Para o investidor, uma administração anônima que gera lucros é muito melhor que uma famosa que gera apenas manchetes.

Bons Investimentos!

13.5.11

Cenário mundial obriga investidor a ser mais realista que otimista

Artigo publicado no site InsiderNews em 13/05/2011

Da redação InvestMais

Faz algum tempo que o investidor, qualquer um e de qualquer porte, não tem um sono tranquilo. A quantidade de acontecimentos de impacto que tem se sucedido tem colocado por terra toda e qualquer previsão a respeito de como estará a economia mundial no curto e no médio prazo. Dentro desse cenário de grande incerteza, qual o caminho que o investidor deve tomar para, em primeiro lugar, proteger o seu capital e, em segundo lugar, conseguir algum lucro?
A melhor decisão que o investidor deve tomar é ser realista. Há fatos que não podem ser ignorados em hipótese alguma, como, por exemplo, que há um ciclo inflacionário mundial e que ele deve permanecer com viés de alta por um período relativamente longo, algo como um a dois anos. A inflação mundial é provocada pela alta das commodities - os países emergentes aumentaram o seu nível de consumo, e como a produção mundial não aumentou no mesmo nível, têm-se essa alta generalizada.
Outro fator que provocou a inflação é a alta do petróleo. Desde o início da crise na Líbia a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) avisou que não aumentaria a produção para compensar a Líbia. A Agência Internacional de Energia divulgou um relatório ontem em que afirma que os preços internacionais de petróleo deverão permanecer ao redor de US$ 110 por barril por pelo menos dois anos. Como o petróleo ainda é a base da matriz energética global, esses preços serão repassados ao consumidor.
A inflação global, em algum momento, provocará os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos a aumentarem suas taxas de juros para conter uma alta maior nos preços. Quando isso acontecer será péssimo para as bolsas de valores dos países emergentes, em especial a do Brasil, que está sofrendo desde o início do ano, pois os investidores preferirão os juros certos dos bons pagadores que as incertezas das bolsas dos países emergentes.
E há outros temas da realidade que devem ser levados em consideração pelos investidores. Os PIGS europeus continuam com problemas fiscais e novas medidas devem ser tomadas pelas autoridades europeias. Com isso, começam a aparecer os boatos de que a Grécia poderia ser excluída do euro, o que seria péssimo para todo o continente. Muito provavelmente a Alemanha, que continua crescendo apesar dos pesares, não deixará isso acontecer, mas qualquer notícia pode provocar solavancos na economia global.
Os Estados Unidos continuam sendo foco de atenção pelo tamanho de sua economia, pelo tamanho gigantesco de seu déficit e pela persistência do desemprego. Em algum momento, o governo americano terá que cortar gastos para reduzir seu déficit, mas não há nenhuma pista de como fazer isso e manter a geração de empregos (tímida) que está em curso. A boa notícia para os americanos é que, depois de dez anos de alta nos salários na China, já há empresas que voltaram a produzir nos EUA pois, tudo somado, o produto Made in USA custa o mesmo que um feito na China. A longo prazo, isso pode significar um Estados Unidos mais forte economicamente.
Lá na China, o governo continua lutando contra a inflação e o crescimento excessivo, aparentemente com sucesso. Para as empresas brasileiras (Vale em especial), menos crescimento lá significa menos vendas, o que não é bom. Mas para o mundo todo ver a China fazer um soft landing de sua gigantesca máquina industrial seria ótimo. O que o mercado precisa atualmente é previsibilidade. Boas ou más notícias, se forem inesperadas, provocarão desequilíbrio.
Colocando toda a realidade na mesa, o que deve fazer o investidor? A lição básica continua a mesma, pois ela não muda de acordo com os humores do mercado: o investidor deve saber o quão grande é seu apetite por risco e o quanto ele tolera ver uma aplicação cair antes de subir. A segunda lição é saber quanto tempo ele pode esperar até resgatar seu dinheiro. Se o investidor não tolera perdas, ele deve buscar abrigo nas aplicações seguras: renda fixa e Tesouro Direto, que continuarão sendo bastante atrativas, ainda mais com inflação alta. Se o investidor tolera grandes oscilações, pode ser o momento de entrar na bolsa. Muito provavelmente ela continuará de lado como tem estado até o fim do ano, talvez em 2012 também, mas como os fundamentos da economia brasileira continuam bons, há chances de ela se recuperar rapidamente depois que a turbulência mundial passar. E assim já estamos falando de três anos de espera, ou seja, quem não sabe esperar não pode investir em ações.
E mesmo em uma bolsa "esquisita", há oportunidades de investimento em empresas que se beneficiam de um pouco mais de inflação, como as do setor elétrico e de saneamento, ou de setores pouco afestados pela inflação, como telefonia e varejo de produtos de pouco custo.
Investidor, não espere grandes ganhos nesse conturbado 2011. A situação pode piorar um pouco mais antes de melhorar. Claro, há sempre chances de grandes ganhos, mas elas geralmente trazem junto chances de grandes perdas. Se você não sabe como lidar com isso, refugie-se em aplicações seguras e aguarde pacientemente a calmaria. Ela virá, mas pode demorar.

Bons Investimentos!