Pesquisa do Palavrório

29.3.16

Terapeutas e terapias

Já precisei fazer as pazes com o pai interno e a mãe interna. Não entendi direito a que se referia a terapeuta à época, mas fui tocando e pensando no que seria fazer essas pazes. Acho que não entendi, toquei o barco e deixei pra depois.

Em uma segunda tentativa, eu já não tinha um pai interno, mas três externos que competiam comigo (sem que eles soubessem) e me colocavam desafios tremendos, praticamente impossíveis de serem transpostos sozinho, sem ajuda. Naquele momento, eu não pude arcar com a ajuda, toquei o barco e deixei de novo para depois.

Na terceira, não eram os pais nem a mãe, mas o problema era comigo mesmo. Eu que não sei me valorizar como devo, me jogo para baixo, acho que tudo o que faço não serve para nada, não me imponho nas situações, me escondo em subterfúgios pois não quero enfrentar os problemas de frente. Ainda não deu para arcar com a ajuda, toquei o barco e deixei pra depois.

O depois chegou. Já não dá mais para ficar adiando esses ajustes finos em mim. Ainda que eu consiga encarar praticamente qualquer coisa, deglutir e digerir anda mais difícil. A hora de deitar no divã e encarar os monstros chegou. Não dá mais para deixar para depois. A ver os monstros que saem da cachola.

28.3.16

Tsunami em formação

A sensação não é nova, mas parece que retorna sempre mais forte a cada vez. Acordo no meio da noite, sem razão alguma, já pensando que haverá encrencas durante o dia. A maior parte delas, porém, não tem origem nos meus atos, mas nas decisões que tomei e nos papéis que assumi e que me levam a lidar com elas. Já desperto, mas ainda na escuridão e deitado na cama, começo a traçar os cenários possíveis para lidar com essas situações. Nunca, absolutamente nunca, esses devaneios levam a finais felizes. Por que será?
Com o sono perdido, o corpo cansado e a cabeça a mil, fico me virando na cama tentando me concentrar e esquecer o que virá, para lidar com isso apenas na hora que for necessário. Esforço inútil, concentração não é algo que me pertence. A cada novo cenário imaginado, uma nova derrota esboçada. E depois da decepção infligida na pessoa que será afetada pela decisão? Vai romper o contrato com a firma? Vai pedir afastamento do grupo escoteiro? O pai me xingará pois eu não cuidei do filho dele (bom, ele não cuidou nem um pouco, do contrário não teríamos chegado a essa situação)? Vou assumindo as culpas que não são minhas e ficando um pouco mais pesado.
A segunda deveria ser sinal de recomeço. É dia de recomeçar a dieta tanto adiada. De retomar a ginástica com seriedade para ficar com o corpo legal. De procurar o terapeuta para aprender a lidar com esses sentimentos. De pensar melhor no trabalho e elaborar passos para progredir. Mas a onda que vai se formando em alto mar me paralisa e derruba antes mesmo de eu ter certeza de que ela existe. Ela virá, é certo, e tudo o que posso fazer e me preparar para aguentar a força dela e rezar para que eu seja mais forte que ela. Amém.