Pesquisa do Palavrório

9.6.10

A âncora do rancor

Se existe alguma coisa que atravanca o desenvolvimento pessoal, essa coisa é o rancor. Imperfeitos que somos, arrastamos nossos rancores durante muito tempo e só depois que conseguimos nos livrar deles é que temos condições de progredir. Enquanto o rancor está ali, ele funciona como uma âncora a nos segurar, a impedir o voo, a bloquear o avanço, a parar o progresso.
Cada rancor tem origem em um ato específico e pode atravancar uma determinada faceta de nossas vidas, mas consegue contaminar todo o resto. Um revés profissional afeta a tua carreira e, se não for trabalhado e solucionado internamente, impedirá você de ter alguma outra ocupação bem sucedida. Enquanto você não fizer as pazes com essa mágoa, você patinará. E enquanto você patina, você fica de mau humor. E de mau humor, você não consegue se dedicar à sua família como deveria, não consegue estar com os amigos como gostaria, nada vai.
Se o rancor é de uma relação pessoal, então, a coisa é ainda mais difícil. Até você conseguir se perdoar e perdoar a pessoa que te supostamente magoou (em uma relação, acredito ser muito difícil haver apenas um culpado no casal), nenhuma outra relação será 100% boa. Você carrega os medos adquiridos e as desconfianças criadas e as projeta no novo parceiro, na nova namorada, temendo a cada minuto que a história se repita. Só quando você consegue deixar o que passou lá no passado, que é onde sempre deveria estar, é que a nova relação pode ir à frente e florescer.
O rancor queima e pesa, e infelizmente nossa capacidade de perdoar e perdoar-se é muito limitada. Tentamos esquecer o que aconteceu, mas enquanto não estivermos em paz com nossas decisões e escolhas, pois foram elas que provocaram a situação que gerou o rancor, não conseguiremos andar à frente. Esquecer será um paliativo, pois o rancor fica lá, guardado em nosso íntimo. Só a reconciliação conosco é capaz de tirá-lo de nós de vez por todas. Mas que é difícil, é.