Pesquisa do Palavrório

18.5.11

O governo atrapalha o investidor - de novo!

Texto publicado no site www.bussoladoinvestidor.com.br em 18/05/2011

Interferência da administração federal prejudica o desempenho das duas maiores empresas da bolsa brasileira - Vale e Petrobras

Da redação InvestMais

O governo brasileiro (não importa de que partido) considera que todos os cidadãos são incompetentes para gerir o seu dinheiro, que ele deve legislar sobre todos os aspectos da vida (a última piada é a proposta de lei de incluir avisos contra o câncer de próstata em cuecas) e que somente ele sabe o que é melhor para o país. Pouco importa os raros exemplos do passado em que os governantes privatizaram alguma coisa que, logo em seguida, se tornaram empresas de grande sucesso: Vale, Embraer, CSN, Usiminas, as telefônicas etc. O governo sempre estende seus tentáculos de polvo para tentar controlar tudo.
Os dois últimos exemplos dizem respeito à Petrobras e a Vale, que juntas representam cerca de um quarto do Ibovespa. São exemplos que deveriam acender todas as luzes de alerta no investidor por conta do potencial de estrago que a interferência governamental pode provocar nas cotações das ações dessas empresas. E, de novo, o governo não aprendeu a lição. As ações da Petrobras patinaram em 2010 por conta das incertezas do processo de capitalização da empresa para explorar o pré-sal, devido aos desejos do então presidente Luís Inácio da Silva. A Vale sofre em 2011 por conta dos reflexos da troca intempestiva do seu presidente, Roger Agnelli, por ele não agradar o partido que está no poder.
Pois bem, a situação continua ruim. Na última reunião do Conselho de Administração da Petrobras, o seu maior acionista, o Tesouro Nacional, ordenou que seja feito um corte de R$ 35 bilhões no plano de investimento da empresa. A notícia foi veiculada pelo jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo, em sua edição de hoje. O que significa esse corte? Significa reduzir a demanda, ou seja, reduzir a pressão inflacionária no mercado brasileiro. Além disso, o governo também ordenou à empresa que não suba os preços da gasolina e do diesel para ajudar no combate à inflação. A primeira decisão atrasará o início da produção e comercialização do petróleo do pré-sal, reduzindo as receitas da Petrobras. O segundo pode não reduzir receitas, mas reduz a margem de lucro da empresa (o que a empresa já avisou que acontecerá no balanço do 2T11). Em resumo, só é um bom negócio para o governo. Para os milhares de acionistas da empresa, é uma péssima notícia.
Do lado da Vale, as pressões governamentais para a troca de Agnelli por um presidente mais cordato deixaram suas marcas. Os custos de captação da Vale no mercado internacional estão em seu nível mais alto na comparação com a BHP Billiton, outra mineradora que tem o mesmo perfil da empresa. Como os investidores estrangeiros não escutam os discursos do ministro da Fazenda Guido Mantega (sorte deles), pouco importam as promessas, o que vale são os números e os fatos. E os fatos dizem que o governo quer intervir na Vale, a empresa de maior sucesso do Brasil nos últimos 10 anos. E como as intenções governamentais nem sempre coincidem com os desejos dos acionistas e investidores, eles aumentam as exigências para emprestar seu dinheiro, o que é mais do que natural. Como resultado, o lucro futuro da Vale pode cair para que ela honre os compromissos assumidos atualmente, pois terá que oferecer juros mais altos para captar dinheiro. Mais uma vez, péssimo negócio para os acionistas.
Uma das explicações para esse intervencionismo explícito (e, por ser explícito, negado diariamente pelas autoridades) é que esse governo acredita ter a solução para todos os problemas da economia, e que o dinheiro das empresas estatais deve servir ao governo, não às empresas. Mas o governo é um péssimo gestor de recursos, basta ver o que faz com os trilhões de reais que arrecada em impostos. Melhor seria se a administração se focasse em tornar a máquina pública mais eficiente e enxuta. Isso sim reduziria a inflação e geraria riqueza para o país, pois permitiria que houvesse menos carga tributária e geraria um boom de empreendedorismo que finalmente alçaria o Brasil à condição de país desenvolvido.
No entanto, isso não deve acontecer nessa administração. Por isso, investidor, se você quer ter papéis da Vale e da Petrobras na carteira, é natural, afinal, são ótimas empresas. Mas não espere muito delas enquanto o governo continuar metendo seus longos tentáculos na vida cotidiana dessas companhias. Enquanto isso acontecer, o retorno será mirrado.

Bons Investimentos!

Um comentário:

Unknown disse...

Realmente a mais pura verdade...