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13.5.11

Cenário mundial obriga investidor a ser mais realista que otimista

Artigo publicado no site InsiderNews em 13/05/2011

Da redação InvestMais

Faz algum tempo que o investidor, qualquer um e de qualquer porte, não tem um sono tranquilo. A quantidade de acontecimentos de impacto que tem se sucedido tem colocado por terra toda e qualquer previsão a respeito de como estará a economia mundial no curto e no médio prazo. Dentro desse cenário de grande incerteza, qual o caminho que o investidor deve tomar para, em primeiro lugar, proteger o seu capital e, em segundo lugar, conseguir algum lucro?
A melhor decisão que o investidor deve tomar é ser realista. Há fatos que não podem ser ignorados em hipótese alguma, como, por exemplo, que há um ciclo inflacionário mundial e que ele deve permanecer com viés de alta por um período relativamente longo, algo como um a dois anos. A inflação mundial é provocada pela alta das commodities - os países emergentes aumentaram o seu nível de consumo, e como a produção mundial não aumentou no mesmo nível, têm-se essa alta generalizada.
Outro fator que provocou a inflação é a alta do petróleo. Desde o início da crise na Líbia a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) avisou que não aumentaria a produção para compensar a Líbia. A Agência Internacional de Energia divulgou um relatório ontem em que afirma que os preços internacionais de petróleo deverão permanecer ao redor de US$ 110 por barril por pelo menos dois anos. Como o petróleo ainda é a base da matriz energética global, esses preços serão repassados ao consumidor.
A inflação global, em algum momento, provocará os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos a aumentarem suas taxas de juros para conter uma alta maior nos preços. Quando isso acontecer será péssimo para as bolsas de valores dos países emergentes, em especial a do Brasil, que está sofrendo desde o início do ano, pois os investidores preferirão os juros certos dos bons pagadores que as incertezas das bolsas dos países emergentes.
E há outros temas da realidade que devem ser levados em consideração pelos investidores. Os PIGS europeus continuam com problemas fiscais e novas medidas devem ser tomadas pelas autoridades europeias. Com isso, começam a aparecer os boatos de que a Grécia poderia ser excluída do euro, o que seria péssimo para todo o continente. Muito provavelmente a Alemanha, que continua crescendo apesar dos pesares, não deixará isso acontecer, mas qualquer notícia pode provocar solavancos na economia global.
Os Estados Unidos continuam sendo foco de atenção pelo tamanho de sua economia, pelo tamanho gigantesco de seu déficit e pela persistência do desemprego. Em algum momento, o governo americano terá que cortar gastos para reduzir seu déficit, mas não há nenhuma pista de como fazer isso e manter a geração de empregos (tímida) que está em curso. A boa notícia para os americanos é que, depois de dez anos de alta nos salários na China, já há empresas que voltaram a produzir nos EUA pois, tudo somado, o produto Made in USA custa o mesmo que um feito na China. A longo prazo, isso pode significar um Estados Unidos mais forte economicamente.
Lá na China, o governo continua lutando contra a inflação e o crescimento excessivo, aparentemente com sucesso. Para as empresas brasileiras (Vale em especial), menos crescimento lá significa menos vendas, o que não é bom. Mas para o mundo todo ver a China fazer um soft landing de sua gigantesca máquina industrial seria ótimo. O que o mercado precisa atualmente é previsibilidade. Boas ou más notícias, se forem inesperadas, provocarão desequilíbrio.
Colocando toda a realidade na mesa, o que deve fazer o investidor? A lição básica continua a mesma, pois ela não muda de acordo com os humores do mercado: o investidor deve saber o quão grande é seu apetite por risco e o quanto ele tolera ver uma aplicação cair antes de subir. A segunda lição é saber quanto tempo ele pode esperar até resgatar seu dinheiro. Se o investidor não tolera perdas, ele deve buscar abrigo nas aplicações seguras: renda fixa e Tesouro Direto, que continuarão sendo bastante atrativas, ainda mais com inflação alta. Se o investidor tolera grandes oscilações, pode ser o momento de entrar na bolsa. Muito provavelmente ela continuará de lado como tem estado até o fim do ano, talvez em 2012 também, mas como os fundamentos da economia brasileira continuam bons, há chances de ela se recuperar rapidamente depois que a turbulência mundial passar. E assim já estamos falando de três anos de espera, ou seja, quem não sabe esperar não pode investir em ações.
E mesmo em uma bolsa "esquisita", há oportunidades de investimento em empresas que se beneficiam de um pouco mais de inflação, como as do setor elétrico e de saneamento, ou de setores pouco afestados pela inflação, como telefonia e varejo de produtos de pouco custo.
Investidor, não espere grandes ganhos nesse conturbado 2011. A situação pode piorar um pouco mais antes de melhorar. Claro, há sempre chances de grandes ganhos, mas elas geralmente trazem junto chances de grandes perdas. Se você não sabe como lidar com isso, refugie-se em aplicações seguras e aguarde pacientemente a calmaria. Ela virá, mas pode demorar.

Bons Investimentos!

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