Pesquisa do Palavrório

30.11.11

A salvação pela literatura

Ontem meu amigo Rogério Pereira, fundador do Rascunho e atual diretor da Biblioteca Pública do Paraná, foi ao Graciosa Country Club falar sobre literatura (um parênteses que daria uma outra crônica: Do Pudim ao Graciosa, mas como assim?). Foi muito legal escutar de novo o Pereira falar sobre algo que não parece tão importante para a maior parte das pessoas, mas que é fundamental para sermos seres humanos melhores.
No resumo, ler de verdade é escolher ler um livro do qual não precisamos, mas que, depois de lido, nos transforma. Se todos os acadêmicos de literatura pensassem nisso, teríamos menos discussões inúteis e mais conversas legais sobre isso. É fato: ninguém precisa ler Os Irmãos Karamazov, ou Vidas Secas, por exemplo. Mas quem os lê olha o mundo de maneira diferente. E entende os outros humanos um pouco melhor.
Ler é roubar um tempo para si próprio, pois o mundo nos enche de tarefas e afazeres que só roubando tempo para nós mesmos é que conseguimos ler. Quase ninguém tem como profissão leitor, por isso, só "perdendo" tempo com um livro é que conseguimos ler. Talvez as pessoas andem com medo de ficarem sozinhas consigo próprio por 30 minutos que seja, e não tenham coragem de embarcar em um "O Filho Eterno", que mexe lá no fundo de nossas crenças. Mas há recompensas imensuráveis para quem consegue essa dedicação, por minutos que seja.
Talvez o problema seja esse. A recompensa é imensurável. Ela não aparece na forma de um carro mais potente, uma joia mais cara, uma roupa de grife, nada. O ganho é imaterial e pessoal e não consegue ser exibido para os outros. Em nossos tempos, onde aparência é tudo, ler não vale nada mesmo. Paciência. Lutarei, junto com o Pereira, silenciosamente, cativando um leitor por vez, para criar um mundo melhor.
Obrigado, Pereira!


P.S.: E não deixe de ler o Rascunho (www.rascunho.com.br). Melhor ainda, leia e assine!

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