Pesquisa do Palavrório

16.11.11

A dificuldade da modernidade

Os tempos andam complicados. Não há nada simples, nada é fácil de fazer. Desistir parece ser fácil, talvez até seja, mas as consequências são péssimas. Pergunte à família de alguém que desistiu e saberás que tudo depois fica ruim.
Andamos vivendo do dilema do botafoguense: você não pode ganhar, você não pode empatar e você não pode nem mesmo largar o jogo. Tem que sofrer os 90 minutos sabendo que a partida está perdida desde o começo.
Montar um negócio honesto no Brasil é um inferno. Manter um negócio honesto são dois infernos. Ganhar honestamente são três infernos. E você pode pensar em ir para o exterior, onde é mais fácil fazer negócios. Ir para onde? Os Estados Unidos vão mal, a Europa está prestes a quebrar, na China não deixam entrar, ir para onde? Não há saída, estamos encurralados.
Vamos fazendo o que pode ser feito, sem satisfação, apenas por necessidade. Claro, trabalhar com aquilo de que se gosta é uma necessidade nova, nossos avós não tiveram essa chance da modernidade, de vocação profissional, não. Com eles, ou era capinar e comer ou nada, não havia escolha. Mas agora temos a modernidade, descobrimos nossos desejos mais escondidos, inclusive os ligados ao trabalho, e não somos mais felizes.
Tudo anda difícil nesses tempos modernos. O dia tem horas a menos para a quantidade de afazeres e burocracia que ele demanda. Trabalhamos mais e mais para ter uma fração do resultado que tínhamos há vinte anos. E não é porque não somos mais jovens, é porque não há como ter resultados mesmo, estamos cercado por muros e muros que impedem que o trabalho sério gere frutos sadios. Vicejam apenas as árvores podres, os frutos que sugam sua seiva dos cofres públicos e do crime. Provavelmente sofremos mais por não compactuar com tudo isso que aí está, mas sem saber o que por no lugar ou como resolver o que aí está.
Estamos impotentes diante da máquina da modernidade que tudo dificulta. E a fé, que poderia ser a boia na qual se agarrar para pelo menos não afundarmos, parece estar furada, dela não obtemos respostas. Podemos ter esperança, mas ela é golpeada no estômago umas cinco vezes por dia, pelo menos. É, tá difícil...

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