Pesquisa do Palavrório

17.1.05

O drama do criador

O artista está em uma encruzilhada. A cada dia, há mais e mais formas de se distribuir material pela Internet. Mas as maneiras de se cobrar por esse material se reduzem consideravelmente. Como sobreviver em meio a um manancial de informações e produções artísticas gratuitas, como cobrar pelo seu trabalho?

Além disso, há outra ameaça/oportunidade no horizonte. Com a internet, as chances de se trabalhar em equipe se multiplicaram consideravelmente. E isso não significa que os membros da equipe precisam se encontrar fisicamente. Pela rede, é possível distribuir o trabalho para pessoas localizadas em qualquer lugar do mundo, recolher suas contribuições, juntar tudo em algum lugar, devolver o material pronto para os colaboradores aprovarem, e publicar. Uma música pode ter cem autores. Um vídeo pode ter mil colaboradores, cada um com menos de 30 segundos de trabalho efetivo na tela (ou cerca de uma semana de trabalho nos bastidores), e como pagar essa gente?

Artistas sempre haverá. A humanidade não vive sem arte, e ainda que as discussões sobre os porquês do homem ter pintado as paredes das cavernas seja inútil atualmente (afinal, eles pintaram por alguma razão, religiosa ou não), a arte continuará sendo feita. O que pode mudar talvez seja o caráter do artista. Não mais em busca de dinheiro, mas em busca de prazer pessoal. Um emprego que lhe garanta a subsistência durante o dia, e arte para o resto do dia. Enfim, todos de volta a antes do século XX, quando o artista existia única e exclusivamente por causa de um mecenas. Será que o futuro é o passado?

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