Pesquisa do Palavrório

4.9.09

Velhos amigos


Para meus amigos Medianeirenses

A minha turma da escola voltou a se reunir. Pouco mais de 20 anos depois de termos deixado o Colégio Nossa Senhora Medianeira, um dos mais tradicionais de Curitiba, a turma voltou a se encontrar. Não sei bem como começou a troca de mails, mas sei que ela vem crescendo a cada dia, com novos velhos integrantes sendo reincorporados ao novo velho grupo.
O mais bacana de tudo é ver que apesar dos cabelos grisalhos (quando há cabelos), das barrigas, das mulheres e ex-mulheres, dos filhos, somos ainda os mesmos piás de bosta de 22 anos atrás. Bastam dois se reunirem para começar a voltar as histórias do passado, os vexames, as tentativas fracassadas de agarrar alguém, as tentativas de sucesso de agarrar quem não devia ser agarrado, os apelidos, as situações, volta tudo em uma torrente que fica difícil segurar o riso.
Nem só de passado vive o homem, mas esse passado toca fundo em nós. Foi a melhor época de nossas vidas (ainda que eu não tenha comido ninguém, não por falta de tentativa, mas por absoluta falta de savoir-faire. Não conseguia imaginar a frase que fazia com que uma mulher menina daquela época passasse dos beijos para a a cama comigo. Acho que ainda não sei, mas dei um jeito depois), uma época em que podíamos tudo, em que todo o futuro estava à nossa frente e tínhamos total confiança de que conseguiríamos o que quiséssemos. Éramos os tais.
E como é bacana ver que as relações estabelecidas naquela época continuam fortes, continuam firmes. Claro, não houve contato frequente na maioria das vezes entre as pessoas. No entanto, parece que demos tchau ontem, no último dia de aula do terceiro ano do segundo grau, e que hoje é o primeiro dia de aula depois das férias. Alguns se viram durante elas, a maioria não, mas todos, todos, se conhecem, se falam, se relacionam e tem pontos em comum. Não há estranhos no meio, apenas amigos e colegas. Não é uma sensação de dejá vu, mas uma sensação de retorno a um lugar conhecido em que estávamos muito bem. Sentimo-nos todos confortáveis e seguros, pois estamos em casa, entre os nossos. É essa sensação que faz com o que passado seja muito forte entre nós. Éramos um grupo, somos um grupo, seremos um grupo unido por crenças maiores, únicas, que somente a nós pertence (tenho certeza que há muitos grupos semelhantes por aí, mas esse é o nosso). E levaremos isso para todo o sempre.
Hoje, aos 40, estamos revivendo nossos passados com a troca de relatos e a relembrança de fatos que talvez fosse melhor que tivéssemos esquecido. No entanto, são fatos que definem quem somos. O tempo separou quase todos e poucos mantiveram um relacionamento constante. Entre alguns que se reencontraram, há as sementes para se recomeçar um relacionamento, uma relação que viva também do futuro, não apenas do passado. Na maior parte, porém, será uma grande farra reencontrar-se com alguma frequência para falar besteiras.
E só por isso, já valerá a pena.
Grande turma!

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