Pesquisa do Palavrório

2.9.09

Sem glamour

Acordar. Passar café, tirar as crianças da cama, comer com eles, pegar o carro, levá-los à escola. Parar na mercearia para comprar frutas, errar na escolha de umas (ainda não ter aprendido a comprar banana, que dureza...), acertar outras, voltar pra casa.

Instalar o fogão novo, checar o mail, arrumar a caixa de ferramentas, deixar tudo preparado para o próximo estrago de alguma coisa que inevitavelmente acontecerá, mas não se sabe o quê. Aguardar.

Buscar as crianças na escola, perguntar como foi o dia, almoçar com eles, dar uma pausa e começar a cobrar as tarefas: lição de casa tá pronta?; tá arrumada pra aula de piano e balé?; pôs o kimono para o tae kwon do?; tem que comprar pão?; falta cotonete, passe na farmácia e compre.

Voltar, mandar as crianças tomar banho, tomar banho também, por uma roupa confortável, preparar o jantar, esperar a mulher voltar do trabalho, jantar com todos, mandar todos para a cama, ir para a cama, ler um pouco, quem sabe, e dormir.

Sem frescura, sem glamour. Mais um dia como todos os outros, mais um dia para esperar algo que, sem saber o que é, se espera que apareça do nada. Nem procurar se vai, por isso não há o que reclamar. Um dia comum, igual a milhares de outros dias de outras pessoas espalhadas pelo mundo, que também esperam algo que não sabem o que é, que lhes dê mais tempero na vida. Quando o que dá gosto é justamente o cotidiano, o saber vivê-lo sem esperar glamour, sem esperar o brilho falso. Lição difícil, mas necessária.

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