Pesquisa do Palavrório

7.3.06

Dialética

Ontem dediquei-me a ler a entrevista que o Lula deu à The Economist. Meu, quando você consegue ler um pouco além da entrelinha, você percebe que está sendo enganado pelo entrevistado desde a primeira resposta.
Por exemplo, Lula, ao ser perguntado sobre a crise na Previdência Social, retrucou que todos os países do mundo, mesmo os ricos, têm problemas com a Previdência Social. Tá, e daí? O cara perguntou sobre o Brasil, e não sobre o resto do mundo.
Outro exemplo. O repórter tava fazendo uma pergunta sobre o dinheiro investido em educação, e o Lula fala de uma Olimpíada de Matemática que junto 10,5 milhões de alunos, em que se encontraram 30 mil gênios no segmento. E a ênfase foi no ganhador, um aluno cego, mudo e paraplégico que começou a estudar aos 10 anos. Fantástico, o governo já sabe achar os gênios. E o que fazer para que esses gênios produzam e explorem todo o seu potencial? Isso, que é o mais importante, o Lula não disse nada.
Estes são exemplos concretos. A sutileza está no responder as perguntas com outras perguntas, em responder desviando o assunto de maneira sutil de modo que a pergunta mesmo fique sem resposta, mas que a platéia acredite que foi respondida.
Me lembro sempre de um livreto do Schopenhauer, 38 estratagemas para se obter a razão, que achei uma vez em edição econômica, achei que era inteligente o suficiente para entender um filósofo alemão, e comprei. Ali ele dá os tantos estratagemas para que você sempre vença uma discussão, pois ele diz que, se houvesse uma única verdade, não haveria discussões. Na prática, você convence o outro de que a sua verdade é melhor que a dele.
Só fico triste porque este presidente será reeleito pela incompetência dos adversários, e não pelos seus méritos (que são poucos, bem poucos...).

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