Pesquisa do Palavrório

10.3.05

Seca

Um mês depois é necessário retomar o teclado e recomeçar a escrever. Sobre qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa. E quando as idéias não vêm à cabeça, é necessário inventá-las, buscá-las em algum lugar, extrair leite de pedra para poder colocar algum texto na página.

E talvez seja o tempo, mas há uma escassez de idéias. Todas as que aparecem são como que fotocópias mal-feitas de idéias antigas. Não há nada novo acontecendo. Claro que isso é uma grande mentira. Todo dia acontece alguma coisa, ainda que pequena e praticamente imperceptível. É no longo prazo que vemos os efeitos de tudo o que aconteceu, a somatória mostra o quão importantes foram os pequenos movimentos aparentemente desprezíveis do cotidiano.

Mas esses são acontecimentos. Falava de idéias e perdi o prumo. Não há idéias novas. Em política, não há nada revolucionário, e continuam tentando reformar a democracia para deixá-la melhor. Na economia, a divisão continua profunda entre os defensores do estado mínimo, por não dizer ausente ou inexistente, e os intervencionistas totais, paladinos da centralização e de planos qüinqüenais (uma das palavras mais bacanas que existe). No futebol, morreu o Rinus Michels, que criou a última novidade, o futebol total, em 1974.

Faltam idéias novas. Cabeças novas há muitas, mas parecem que cedo são enquadradas nas grandes correntes do pensamento atual, e a pluralidade de opiniões acaba. Há pouco espaço para o novo. O Fórum Social Mundial produziu muitas alternativas que já são discutidas há pelo menos 30 anos. E só existe porque gera movimentação econômica, a contradição em si.

As idéias são as mesmas, resta esperar que as pessoas pelo menos não o sejam.

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