Pesquisa do Palavrório

2.2.05

Contradições do crescimento

"If Ireland is the best place to live," irish writer Joseph O'Connor said, good-naturedly, "God help us."

Esse é o resumo do país europeu mais parecido com o Brasil e seus dilemas nos dias de hoje, a Irlanda. Menos de uma década atrás, a Irlanda era um dos países mais pobres da União Européia. Hoje, a Irlanda é um dos mais ricos do mundo. Quase dez anos de uma política efetiva de crescimento provocou esse salto enorme.

Tão grande que os irlandeses estão desconfortáveis. Pela primeira vez em sua história eles têm a chance efetiva de erradicar a pobreza do país. No entanto, o “ser pobre” é quase parte da identidade nacional irlandesa. É como se, com dinheiro na mão, eles preferissem continuar pobres por não saberem como comer um prato cheio. O debate chega a ser surreal, pois quem quer continuar pobre?

Claro, não é bem esse o medo deles. A preocupação é perder características enraizadas no modo de ser irlandês – em especial a capacidade de rir da desgraça e o sentido de comunidade. É sabido que o dinheiro corrói essas características. A prova? Você já ouviu algum comediante suíço? Ou um atividade de bairro de Helsinki?

A Irlanda ser o “efeito Orloff” do Brasil (para os mais jovens, o mote da propaganda era “Eu sou você amanhã”). Gostaria muito de poder enfrentar esses dilemas que a Irlanda passa hoje em dia. Não sei se temos as pessoas certas na condução do país para que isso aconteça. Mas, lá como aqui, tudo é possível. Até o Lula acertar ao dizer que seremos uma potência ao final do século XXI. Só acho que não precisamos esperar tanto...

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