Pesquisa do Palavrório

24.3.21

Viver é a melhor vingança

Vez por outra rola um desânimo brabo com a vida. Mas aí eu lembro que esses fascistas querem mesmo é a morte e me ocorre que a grande transgressão é ficar vivo. Viver é a nossa grande vingança contra esses putos.
(Luiz Antonio Simas)

Viver é a vingança. É ficar enlutado pelas 300 mil pessoas que já morreram no país, pelo menos metade dessas mortes evitáveis se esses putos tivessem levado a sério a doença, com mais ciência e menos ideologia, mas não ficar tão pesaroso a ponto de desistir.
Viver é a vingança. É ficar com medo pelo futuro do seu trabalho, da sua comodidade, do conforto de sua casa, da segurança dos seus filhos, mas não ficar apavorado a ponto de desistir.
Viver é a vingança. É ter pena da quantidade cada vez maior de pessoas nas ruas, com fome, sem esperança, sem perspectiva, enquanto você ainda tem alguma, mas acreditar que o mínimo que você puder fazer para minorar a dor de alguém já é uma boa ação, faz parte da grande vingança contra esses putos que é viver e ajudar a viver.
Viver é a vingança. É saber que o mundo está passando por um momento de transição, que ainda muita coisa acontecerá, de bom e de ruim, mas que tudo passa, e que esse nosso mundo é o provisório, o eterno é do outro lado. Mas a vingança é viver aqui o máximo de tempo que pudermos, para não dar o gosto a esses putos de que desistimos. Faremos o certo aqui, pois eles serão cobrados lá pelo errado que fizeram.
Viver é a vingança. Pois a alternativa não vale a pena.
Viver.

9.12.20

O vazio no estômago, de novo

Mais uma vez aparece aquela sensação de vazio no estômago. É recorrente nos momentos em que perco a esperança de uma saída tranquila, ainda que trabalhosa, de alguma situação. É como se o corpo dissesse que algo de ruim está para acontecer, e o estômago é o primeiro que sente. Já pela manhã, em vez de apenas uma ida ao trono, são três ou quatro, o estômago precisa expelir o que está dentro, uma angústia, um medo, um temor, tudo junto. Tem que sair, mas não sai, o vazio permanece.
Gostaria até de dizer que é uma sensação difusa, mas não, é bem concentrada no estômago. Não adianta comer, não enche. Não adianta beber, não conforta. Não adianta tentar esquecer, ele ronca. E ao se manifestar, todas as possíveis piores consequências tomam vulto. A esperança dá uma escapada, espera na sala ao lado, vai tomar um café não sei onde, mas não fica por perto, nem para dar um consolo. Resta o incômodo e o desconforto.
Talvez eu esteja exagerando comigo mesmo, afinal nada ainda aconteceu, e tudo pode mudar nas próximas horas. Sempre pode. Mas nesse exato instante, é como se não houvesse nenhuma chance de algo mudar para melhor. Tem que rezar, respirar, tentar acalmar e trabalhar para fazer passar. Mais que isso, no momento, não dá.
Segue o baile.

17.9.20

Tédio ou desesperança

Segunda, seis da manhã, saio da cama. Na prática, já estou acordado desde as três, me comportando como um bife bem passado, virando de um lado para outro, na tentativa de achar uma posição que me faça voltar a dormir. Mas o sono não vem, e os pesadelos do dia começam a aparecer. Sim, do dia, pois os sonhos são ok, o problema está na realidade.
Trabalhar para quê? Trabalhar por quê? Bate uma desesperança - mas ainda não o desespero - de que parece tudo em vão. Saio de casa já pensando na hora em que estarei de volta. Dez módulos semanais, é o que me digo. Cinco manhãs e cinco tardes, mais ou menos quatro horas cada, e logo acaba a semana. Triste começar a segunda pensando na sexta.
E quando a sexta chega, ela traz um alívio momentâneo. O cérebro quase desliga, quase, e o trabalho fica lá onde ele está, parado. As dívidas não se mexem, o estoque não se mexe, os funcionários não falam, o telefone não toca. Entro em uma bolha para disfarçar que não tenho trabalho, nem problemas relacionados a ele, para viver o fim de semana. Parece que mergulho e escuto todos os sons abafados, a vista é turva, os movimentos são mais lentos, tudo para não pensar em trabalho. À medida que o domingo vai acabando, a angústia de ter que voltar ao batente vai subindo. Controlo a vontade de estar bêbado durante todo o fim de semana, pois eu não mereço me atacar assim. Rezo, o alívio é momentâneo. A realidade vai se impondo e eu não sei exatamente o que fazer.
Segunda de manhã, ou melhor, três da manhã, os olhos abrem de novo. Lá vamos nós, barca à deriva em um mar sem vento nem brisa. Será que nessa semana tem algum vento que sopra para algum lado?

30.7.20

Nó nas tripas

Há diversas pesquisas que mostram a relação direta que nossas tripas, o sistema digestivo, têm com nosso sistema nervoso e emocional. Há inclusive algumas que mostram que para aliviar os sintomas de hiperatividade ou de autismo em crianças é necessário ter uma flora intestinal saudável. Não cheguei a ler com muita atenção nenhuma dessas pesquisas, mas acompanho sempre qualquer novidade nesse tema.
Lembrei disso pois meu estômago está em frangalhos, e não é por causa da alimentação. O emocional anda me derribando. Parece que a motoniveladora das provas e expiações resolver ir e voltar algumas vezes, para me colocar em teste. São acidentes no trabalho, ameaças judiciais, ameaças financeiras, decisões (ainda que em conjunto) postas à prova como um exame de competência, ausência de rumo e objetivo claro, ou mesmo de uma saída para essa grande crise que afeta a todos em geral, mas a cada um de uma maneira diferente. Provavelmente não estou sabendo lidar com isso, e só consigo ver desesperança, ainda que haja esperança.
Muito provavelmente é o momento, mas a dor no estômago é constante. Dá uma sensação de vazio permanente. Como sei que é psicológico, evito comer muito, tenho me esforçado para beber menos, bem menos, dois atos que provocariam um estrago ainda maior caso eu me largasse a eles.
Vai passar? Vai. Vou me lembrar? Espero. Mas que travessia longa e angustiante está sendo.

7.1.19

Tentativa 1

Toda a alegria do réveillon, a vontade de começar diferente, sem as neuras de sempre, foram por água abaixo com uma carta. Como é que pode toda uma lista de bons propósitos serem abalados tão fortemente por apenas uma folha de papel? Muito provavelmente era um sinal de que as resoluções de ano novo, desde o regime até a mudança de atitude no trabalho, estavam muito dependentes do mundo de que de si próprio. E em 15 minutos pareceu que tudo desabou. O sangue sumiu das veias, o pensamento travou na desgraça e na tragédia, o pessimismo cegou e os outros documentos que precisavam ser lidos foram deixados de lado, as pernas bambearam, a boca secou e a esperança de que tudo seria melhor desapareceu.

As palavras na carta eram muito claras, ainda que ele tenha se feito de burro para não querer entender. "Seu contrato que já terminou em 31 de dezembro de 2018 foi prorrogado para 31 de março de 2019." Não há na carta nenhuma menção a um novo contrato, ou a uma razão para o fim do contrato, ou se isso é padrão para todos os outros colegas com quem ele trabalha. E, pela sua clareza no que diz, e pela ausência do que não está escrito, ele tremeu. "Puta que pariu, mas começar o ano assim é uma merda!! Como é que eu posso fazer planos se me tiram o chão dessa maneira?"

Um ano e meio depois de ter iniciado uma terapia, ele achava que estava melhor preparado para lidar com esses contratempos. Busca de auto-estima, relembrar as próprias forças, conseguir ter coragem de falar sobre as fraquezas, abordá-las de maneira clara e direta, sem medo de se expor. Mas não deu, foi uma carta e fim. A cabeça girou, há duas horas, desde que ele leu a carta, a cabeça gira. Mesmo que esse fosse um fim que aconteceria cedo ou tarde, ele ainda colocava isso como uma possibilidade, esperava que não fosse uma certeza. Claro que isso era tapar o sol com a peneira. Mas a ilusão era reconfortante. Sempre é mais tranquilizador achar que nada mudará, em vez de saber que as coisas mudarão e você tem que mudar também. Nada é para sempre, e esses términos têm acontecido cada vez mais rápido, com intensidade cada vez maior.

 

(ideia para começar algo mais longo)

4.10.18

Triste país

Triste país. Vemos irmãos brigando com irmãos, amigos se separando de amigos, tudo por conta de um radicalismo que desde 2002 vem crescendo, em grande parte devido a um ex-presidente que apostou tudo no "nós contra eles" para se garantir no poder e que ainda hoje tenta influenciar o processo, apesar de estar preso. Não, não eximo de culpa os "eles", que se acovardaram e até repartiram o butim do roubo à nação que já existia desde 1500. O "nós contra eles" era retórica apenas, o objetivo de "nós" e "eles" sempre foi tirar do nosso bolso e por no deles.
O primeiro colocado nas pesquisas é um louco, um parlamentar sem representatividade e efetividade, mas que fala ao fígado das pessoas, principalmente na questão da segurança pública. O cidadão comum está com medo de ir às ruas, e não é medo de ser assaltado apenas, mas medo de ser morto se não entregar o celular da maneira correta. E esse medo é compartilhado pela "elite" que pode comprar o iPhoneX e pelo favelado que conseguiu a duras penas parcelar um MotoX nas Casas Bahia. É desse medo que o capitão cresce. As pessoas querem segurança e apoiam o discurso da brutalidade. O resto (economia, inclusive) é detalhe. Infelizmente, para o primeiro discurso funcionar, o resto, principalmente a economia, tem que ser bom. E ninguém sabe como será. O primeiro é uma péssima escolha.
Já o segundo colocado vem com o discurso da igualdade, do respeito, dos direitos humanos, e ele está certo. Um país civilizado se faz com respeito a todas as minorias, com o tratamento igualitário, com a garantia de acesso a um mínimo de dignidade de vida. Mas, ao mesmo tempo em que o candidato prega isso, os chefes do seu partido dizem que primeiro eles ganham a eleição, e depois tomam o poder. E apoiam ditadores como Maduro, Ortega e congêneres. E dizem que farão reformas, mas que em 13 anos nem sequer chegaram perto de propor algo. E, por fim, prometem retomar um programa econômico que jogou o país na pior crise de sua história. Dá para confiar? O segundo é uma péssima escolha também.
O terceiro seria uma anedota de mau gosto em um país civilizado. Toda a família sobrevive de cargos públicos. O próprio candidato não tem profissão. A tão falada revolução da educação em sua terra pode ter sido avaliada de maneira errada. Pode porque há relatos de fraude nos exames de qualidade. Por outro lado, há fatos concretos como o número de aprovados nos vestibulares mais difíceis do Brasil (ITA, IME etc.). Mas o candidato também se mostrou agressivo a pessoas que pensam contra ele, radical em vários momentos, misógino e sexista. E tem um outro maluco como inspirador de sua matriz econômica. A terceira escolha é péssima.
O quarto colocado é um tucano. Basta dizer isso: um partido que rouba, que não expulsa os que roubam e são condenados (vide Azeredo), que tem medo de se posicionar sobre qualquer assunto e que renegou a boa herança que FHC deixou (ele também deixou más heranças, e como o partido não se posicionou, também deve ser criticado por isso). A quarta escolha é péssima.
A quinta escolha é do gênero sabonete. A mulher, até hoje, não se posicionou sobre Lula. Ou ela é a favor da Justiça ou a favor do ladrão. Também não tem coragem de falar. A quinta escolha é péssima.
As outras opções são risíveis. Talvez o Meirelles e o Amoedo pudessem ser considerados, mas a falta de empatia de um e a falta de tempo e ar elitista do outro os impedem de crescer. O cabo é louco. O bolo é criminoso. A Vera não sabe o que diz ("Estatizaremos as 100 maiores empresas do Brasil"). O Coringa do Jack Nicholson tem um passado ruim no Paraná. O Goulart ninguém sabe como conseguiu ser candidato. E o democrata cristão conseguiu algum sucesso com o meme em que seu jingle aparece mixado em uma rave de praia, e não mais que isso. Enfim, aguardemos e oremos.
Tudo isso é para dizer que, em minha opinião, nós brasileiros estamos brigando pelos motivos errados. Quem vem à Internet dizer que "sinto-me leve por ter tirado todos os apoiadores do Bozo da minha lista de amigos" errou na ação. Em vez de entender porquê essas pessoas votam no Bozo, preferem se voltar para a questão elitista do "não aceito quem apoia fascistas". Do outro lado, quem retira os petistas de suas listas não quer ver que, eventualmente, a pessoa pode ter um familiar que chegou à universidade pelo ProUni, ou que conseguiu alguma comida com o Bolsa Família (critiquem-se os programas e sua execução, mas não seus objetivos). Estamos na fase do "quem não concorda comigo é meu inimigo", e deixamos de dialogar. Descontando os ignorantes das torcidas organizadas (só os ignorantes, ok?, pois há alguns que não o são), no bar os adversários sentam-se à mesa para falar sobre futebol, discordar e não brigar. Você sabe que nunca convencerá o flamenguista a torcer pelo Vasco, e daí? Vale a conversa, vale a troca de ideias, vale o momento de bom deboche um com o outro. Não, não temos mais isso, agora é ou comigo ou contra mim.
O brasileiro está cego de raiva e ódio. O brasileiro está pronto para brigar por qualquer olhar enviesado no bar, na rua, na seção eleitoral. O brasileiro não é mais cordial. O brasileiro está cansado e exausto, e nessa situação ninguém toma uma decisão sensata. Espero apenas que sobrevivamos a 2018.

28.5.18

Mais uma derrota

Perdeu. Perdi. Perdemos. Já não sei qual é o meme correto, mas é essa a sensação. Perdeu o Brasil. Perdi a oportunidade. Perdemos todos. Somos mais uma geração perdida, de mais uma década perdida, de mais uma quantidade enorme de esforço para tentar melhorar e não conseguir e voltarmos às soluções mais populistas e rastaqueras que podem existir.
Onde foi que erramos? Acordei de manhã tentando ver em qual ponto do caminho, desde 1970, eu pude fazer algo diferente e não fiz. Sim, essa é a praga (ou benção) de quem faz análise, assumir a culpa pelos próprios erros, não ficar responsabilizando o sistema ou os outros pelas desgraças que lhe acometem. Onde foi que erramos? Onde foi que errei?
Obviamente, não há uma resposta única. Pois quando eu começo a tomar consciência, estávamos terminando a ditadura. A inflação começava a galopar, resultado da utopia do Brasil gigante promovida pelos militares. Figueiredo sai de cena de maneira melancólica ("Me esqueçam!") e entra o Sarney, um oportunista que sempre esteve ao lado dos militares e aos 44 do segundo tempo troca de time. Sem a menor condição de governar (sinto-me inclinado a dizer sem capacidade, pois é o que a história mostra), ele comete um erro econômico atrás do outro. Ontem, diante de algumas prateleiras vazias no supermercado, lembrei da comédia sem graça dos fiscais do Sarney. Inocentes úteis que esbravejavam contra os empresários do setor de alimentação. Ora, como culpar alguém que não quer trabalhar para não levar prejuízo? O último ano do Sarney, para quem lembra, foi melancólico. Contávamos os dias para as eleições, para ver se algo mudaria, pois ninguém acreditava no País.
Aí cometemos o Collor. Cometemos no plural, toda eleição é um processo coletivo, e não podemos lavar as mãos depois como fizeram alguns idiotas ao dizer "a culpa não é minha, votei no Aécio". E o Collor veio com o confisco, um roubo escancarado à luz do dia. Algumas pessoas se mataram. Quem pode saiu do país. Alguns enriqueceram muito pois foram avisados do que viria. E mesmo assim sobrevivemos. Não sei bem como, mas o Brasil conseguiu sair melhor do Plano Collor. E acreditamos que se o Collor deixasse a presidência, as coisas melhorariam. De fato, melhoraram um pouco. Mas nós achamos que bastava ir à rua, não quisemos meter a mão na massa, ou seja, entrar no processo político para tentar mudar as coisas por dentro, mudar o sistema político.
E veio o Plano Real e o FHC. O Plano Real sozinho é o maior responsável por reduzir a desigualdade social. Mas o FHC preferiu ficar no populismo, de novo, em vez de atacar os problemas reais do Brasil. Teve a chance que queria de fazer uma reforma da previdência, mas não conseguiu (e não adianta meter a culpa no Kandir, que diz que votou errado no Congresso). Não propôs reforma tributária, nem fiscal nem nada. Achou que bastava uma moeda estável. Ajudou a lotear estatais, sucateou escolas e universidades (logo ele, um professor) e, algo que talvez não tenha sido analisado pelos historiadores, contribuiu para que as direções dos partidos políticos tomassem decisões sem consultar suas bases. Quem ainda pensava em entrar na política desistia, pois tinha a certeza de que não seria ouvido se não fosse apadrinhado por alguém importante.
Por essas e outras que o Lula sucedeu o FHC, e não o Serra. Noves fora a falta de carisma, todos estavam cansados do velho. Mas o Lula revelou-se tão velho quanto Matusalém. E com uma conjuntura internacional altamente favorável, conseguiu não fazer nada para reformar o Brasil. Toda a sua política assistencialista, um bom pedaço dela necessária, estava financiada pelos superávits de ocasião. Ele poderia ter aproveitado a bonança para fazer uma reforma fiscal, uma tributária, uma da previdência, enfim, ele poderia fazer o que quisesse, tinha 80% dos votos no Congresso, aprovação de mais de 70% da população. E o que fez? Distribuiu benesses para os amigos da corte, demonizou as elites, e ficou nessa de inflamar uma torcida contra a outra. Ou seja, não governou, fez barulho apenas. E quem era moderado não quis entrar no debate político para não ser hostilizado. Ficamos de fora de novo, perdemos a chance de tentar influenciar a política para que ela trabalhasse pela sociedade.
A Dilma e a catástrofe econômica dela são resultado direto da megalomania econômica do Lula. Uma senhora que não conseguiu administrar uma loja de R$ 1,99 iria conseguir administrar um país? Obviamente que não. As pessoas eram as mesmas, e os ventos internacionais já não eram mais favoráveis. E quando os ventos são revoltos, só os bons marinheiros seguem adiante. Não era o caso. Mas ela continuava insuflando o Fla-Flu político. Os moderados não tinham voz. Os sensatos não tinham voz. E dá-lhe criar estatais para dar mais cargos a inúteis. Hemobras, Petrosal, uma para cuidar de estradas (não basta o DNIT), Valec, vamos que vamos, é o grande estado para conduzir o povo rumo à glória. Que bosta. O que nós fizemos? Fomos reclamar da passagem de ônibus. Mas fomos reclamar como sempre fizemos: que o governo subsidie algo, não que a gente trabalhe para um país mais justo. É sempre assim, queremos a Mãe Estado nos suprindo, sem trabalhar.
O Temer é uma piada de mau gosto. Independente de como assumiu o poder, o governo dele terminou quando ficou escancarado que ele era conivente com o Eduardo Cunha (a desconfiança era grande, as gravações do Joesley só deram certeza). E que o Eduardo Cunha, Temer e toda a curriola da cúpula do PMDB estava nos roubando desde o primeiro governo Lula, e que viram no impeachment uma oportunidade de roubar sozinhos, sem a participação do PT. Muitos apoiaram a queda da Dilma, pois muito provavelmente com ela estaríamos hoje a um passo da Venezuela. Mas teremos que aguentar o Sarney dois, mais sete meses sem governo, até 1º de janeiro de 2019.
Perdeu. Perdi. Perdemos. Cada nova notícia deixa a gente mais para baixo. Como manter a esperança e transmitir algum otimismo para os filhos? Como chegar no trabalho e dizer aos funcionários que os salários serão pagos em dia, se não conseguimos vender nada na semana que passou pois não tínhamos como entregar? Como argumentar com os sócios que os onipotentes fiscais da atividade ora julgam de uma maneira, ora de outra? Será que ainda dá tempo de mudar alguma coisa? Ou será melhor mudar-se, deixar o país nas mãos dos bandidos e eles que se matem aos poucos? Não sei. Perdi. Perdeu. Perdemos.