Pesquisa do Palavrório

9.1.13

Efemeridades

Nada dura pra sempre, nada é eterno. As montanhas sucumbirão à força dos ventos e das chuvas e um dia serão planícies, planaltos, qualquer coisa menos montanhas. Pode demorar, mas cairão.
O Himalaia um dia será um monte de areia em um lugar meio frio. O Aconcágua já não tem mais neves eternas, e parece um lugar com muito pó e pedra e mais nada. O Pico Marumbi teve que ser interditado para acampamentos pois estava assoreando. Tudo sucumbirá.
O Grand Canyon parece eterno, mas antes ele não existia, e talvez um dia o rio que passa por ele possa cavar ainda mais a terra até um ponto em que as paredes não aguentaram e cairão uma sobre as outras, soterrando tudo. Quem sabe?
Dizem que os diamantes são eternos, mas quando a Terra acabar - e isso é certeza, um dia ela acaba, junto ou pouco antes que o nosso Sol, que também acabará - os diamantes também acabarão.
E tudo o que é construído pelo homem acaba, muito mais cedo do que queremos.
As pirâmides parecem eternas, mas só sobraram umas poucas, parece que construíram muitas mais e algumas já se foram. Essas que estão aí um dia irão também. Mas já são ruínas. Toda construção, por melhor conservada que esteja, já é uma ruína, algumas exercem seu potencial mais cedo, outras demoram, mas todas despencarão um dia.
Nossa sociedade constrói a maior parte de suas coisas para não durar. Já não se fazem mais carros para durar 20 anos. Relógios não devem durar mais que cinco. Computadores, um ano quando muito. Para celulares já devemos estar em uma vida útil de seis meses, e olhe lá! Roupas são descartáveis, eletrônicos, eletrodomésticos, tudo é feito para durar um ano, dois, e fim, quebra-se e troca-se.
Casamentos não duram mais, namoros menos ainda. Colocamos demais importância nessa saída à nossa solidão para tentar esquecer que no fundo, no fundo, somos sozinhos nesse mundo. Todo homem é uma ilha, e não venham com Drummond para dizer que se constroem pontes. Não se fazem, no máximo, estabelecem-se sinais de fumaça para tentar se falar com uma ilha vizinha, e funciona enquanto há lenha. Depois, fim. Não construímos relações para durar. Algumas duram até a morte, outras acabam bem antes. Mas todas acabam.
Talvez nossos espíritos sejam eternos. Talvez. É algo que pretendo descobrir depois de morrer. Mas já que tudo acaba, espero acabar bem tarde, ainda tenho muita coisa a fazer...

Um comentário:

Anônimo disse...

O Batfino é eterno!