O brasileiro que se pretende culto adotou esse hábito horrível de colocar o gerúndio no futuro. É “vamos estar fazendo”, “irá estar recebendo”, “vamos estar lhe enviando”, e por aí vai. E quem gosta da língua portuguesa, quem tem um mínimo de bom gosto musical (sim, porque gostar de um idioma é basicamente uma questão de gostar de música, gosta-se da música desse idioma) fica ultrajado.
O ultraje em si não é pelos ignorantes que foram a uma péssima escola e daí utilizam erradamente. É que esse pessoal escutou alguém pretensamente mais culto, algo como um político (pfff!!!) ou, mais provavelmente, um ator ou uma atriz de novela, dizendo essa imbecilidade inexistente na língua, o futuro do gerúndio. “Vamos estar cobrando”.
Porra, não há problema no gerúndio. “Estou escrevendo essa carta”, pode até ser usado, mas para isso até já existe o presente: “escrevo essa carta”. E todas as declinações possíveis dentro disso.
Mas a merda é traduzir direto do inglês uma construção verbal que eles têm, veio nos primeiros manuéis de telemarketing, e qual um vírus pegajoso grudou nos operadores de call centers, verdadeiros propagadores dessa praga do futuro do gerúndio: “We will be sending you”, ou, em português idiota: “nós vamos estar lhe enviando”, ou, se quiser algo correto: “Nós lhe enviaremos”. Não é muito esforço usar o correto, economizam-se letras e saliva. Mas não há essa percepção. Há tempo de sobra para tudo, inclusive para ser burro.
Por isso, faço parte da patrulha do Gerúndio. È melhor que uma guerra ao dito cujo, pois a patrulha disciplina o suo, ensina meios melhores, educa para a prática correta, e protege a última flor do Lácio, essa donzela violentada e alquebrada que é o português, da sanha de seus últimos violentadores.
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