O capitalismo tem mecanismos muito eficientes para praticamente anular a vida do indivíduo e tornar a vida corporativa a “verdadeira” existência sua. Sem que se perceba, o homem acaba sendo englobado pela corporação, e esquece a sua vida pessoal.
Veja só. Hoje as pessoas trocam muito de empregos e de cidade também. A cada nova cidade, o primeiro grupo de relações que a pessoa monta é o dos colegas de trabalho. Como o ser humano quer e precisa de relações sociais extra-trabalho, ele começa a sair com seus colegas. E como ainda não há conhecimento pessoal suficiente, geralmente o tema das discussões é o trabalho. Assim, continua-se trabalhando mesmo durante o horário de lazer.
E quando a pessoa já está ambientada, que consegue descobrir em meio aos colegas de trabalho pessoas com os mesmos interesses, e a partir delas outras pessoas interessantes, a pessoa troca de emprego ou de cidade. Se troca de emprego apenas, há uma chance de que os vínculos se mantenham. Se troca de cidade, o esforço vai pro brejo.
Muita gente não percebe o mecanismo quase perverso que há por trás dessa lógica, e acusa a pessoa que não participa do lazer-trabalho de ser antipática, de não querer se integrar, e coisas assim. Não percebe que pode e deve haver vida fora da empresa, e que ficar restrito a ela é uma castração da individualidade.
O capitalismo encerra uma série de armadilhas que são relativamente difíceis de serem percebidas no dia-a-dia. Infelizmente, essa é a realidade atual. Resta ter fé que esse modelo, que não se sustenta a longo prazo, seja trocado por um mais humano.
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