Pesquisa do Palavrório

26.12.06

Natalino

Ir trabalhar um dia após o Natal é um tanto quanto deprimente. Você vê na cara das pessoas que praticamente todos estão cumprindo tabela, que os cinco dias que faltam até o próximo ano serão duros de lascar, lentos e modorrentos, sem nada interessante.

Talvez as pessoas estejam desanimadas pois passaram uma noite de Natal fantástica, com a presença da família. Talvez a presença da família tenha tornado a noite terrível, afinal há famílias para todos os gostos. Pode ser que todos estejam pensando no quanto gastaram em presentes e que com toda a certeza foi muito menos do que receberam, ou seja, saldo negativo.

Quem sabe tenham se lembrado de quem não pode estar presente ao vivo e em cores na festa. Ou ainda, podem ter lembrando com um sorriso de pena daqueles que fazem aniversário no dia 24 ou 25 de dezembro (sim, pior que fazer aniversário no Dia das Crianças é fazer no Natal). Não se sabe.

É uma cara estranha, uma época meio estranha. Logo virá a euforia obrigatória do Ano Novo, em que todos temos a obrigação de ser felizes para toda a eternidade e tomar decisões duradouras sobre a nossa saúde e nossa atitude. E, claro, o dia que é realmente o mais deprê do ano, o 2 de Janeiro. Afinal, só ali você vê que virou o ano e que todas as esperanças de mudanças são apenas isto, mudanças.

18.12.06

Where is my mind?

Ecos da adolescência

Festa de fim de ano da pós-graduação. Todos profissionais "de mercado", como se diz no jargão corporativo, ou seja, gente pretensamente séria, de idade.

Aparece um Papai Noel. Todo mundo bate palmas, ri, reclama o presente. E o indivíduo aqui? Ajeita o pulmão e grita: "Papai Noel, velho batuta!!" Todo mundo ri.

A referência são os Garotos Podres: "Papai Noel, Velho batuta, rejeita os miseráveis. Eu quero matá-lo, aquele porco capitalista. Presenteia os ricos, cospe nos pobres..."

Nada mal. Melhor não matar de todo o adolescente dentro de nós. É uma garantia de sanidade mental.

14.12.06

Habemus reforma?

Caro Bento,

Tudo bem? Muito trabalho aí para convencer que um intelectual pode substituir um popular?
Imagino que sim. Pois olha, tive uma idéia que pode te colocar na história da humanidade, independente de você ser popular ou não.

É o seguinte. Todo ano a maior parte do mundo ocidental que segue o calendário que o teu antecessor, o Gregório, fez fica estressado em Dezembro. É uma festa depois da outra, a correria para comprar presentes de Natal, as firmas pressionando para fechar o balanço, concluir o planejamento do ano seguinte, renovar contratos etc. Meu, Dezembro tá curto demais!!

Minha sugestão é que você ordene uma reforma no calendário. Tira um dia de cada mês de Janeiro a Novembro e transfere para Dezembro. Duvido que os Júlios, Augustos e os antigos deuses fiquem muito descontentes. Dezembro teria então 42 dias, seis semanas cheias para fazer tudo o que se faz no fim do ano. De quebra, com o tempo, as pessoas poderiam se dedicar ao verdadeiro Natal, o que não acontece faz tempo. Já pensou, "Calendário Bento"? Soa bem até, calendário abençoado, calendário bendito, você escolhe, afinal, você é o representante do Homem por aqui.

Bento, é isso, pensa com carinho na proposta. No mínimo, se ela durar uns 500 anos que nem a do teu sucessor, teu nome passa para a história como um cara bacana, em vez de um teólogo considerado reacionário por muitos.

Abraços,
Adriano

8.12.06

Epifania amorosa

Esta manhã vi um casal de mendigos. Deve haver vários por aí, mas estes dois estão na casa dos 50 anos. Talvez 40, visto que a vida nas ruas deve maltratá-los bastante. Estavam sentados em um banco do calçadão, juntinhos, e davam risada. Vi ela colocar a cabeça no ombro dele, como qualquer casal do mundo faz.

E ali vi que em qualquer situação é sempre possível ver um lado bom. Que o amor (ou carinho ou afeto, sei lá, não creio que eles estejam juntos por interesse) ainda pode existir mesmo nas condições mais adversas.

E que um ombro é sempre um ótimo travesseiro.