Pesquisa do Palavrório

29.1.15

Era a macroeconomia, mas ninguém quis ver

Ou melhor, 53% das pessoas não quiseram ver. Durante oito anos, o governo esqueceu todo e qualquer fundamento macroeconômico e deu no que deu. Todos os níveis de governo estão quebrados, e há um efeito dominó na economia que resultará em tempos muito duros para todos.
Começa mais ou menos com os estados e União não pagando os fornecedores. Esses, por sua vez, não pagam os funcionários ou os impostos ou os fornecedores. Quem tinha capital de giro já o gastou apenas para ficar respirando, um pouco acima da linha d'água. Sem dinheiro, os trabalhadores irão às ruas protestar ou demitidos mesmo, um dos dois. Com menos dinheiro nas ruas, haverá menos comércio, logo, menos arrecadação de impostos, e aí o círculo viciou e fica difícil sair.
Claro que tem saída. Mas alguém acha que nossa presidanta irá fechar 20 ministérios, pelo menos, e demitir metade dos funcionários comissionados que garantem a boquinha de uma dezena de partidos, pelo menos? Alguém aí vê espírito cívico nos legisladores e vontade de cortar os cargos comissionados pela metade, as verbas de gabinete pela metade, os benefícios do cargo pela metade? E nos nossos doutos juízes e desembargadores, algum sinal de espírito de união e sacrifício para abrir mão do auxílio moradia, que seja?
Tá mais fácil a Cantareira encher em uma semana que vermos isso.
Salve-se quem puder.

12.1.15

Extremos

Tem um lado da humanidade que parece querer, até mesmo desejar, que tudo se encaminhe para os extremos. Muita gente parece não ver que há infinitas tonalidades de cinza (as 50 do livro são muito poucas, faltou imaginação à escritora) entre o branco e o preto. E mesmo esses têm variações, algumas muito difíceis de se ver.
É gente que quer sangue no asfalto. É gente que diz que "bandido bom é bandido morto", que todo evangélico é burro, que todo ateu é endemoniado, que todo muçulmano é terrorista, e assim vamos. Essa gente põe uma lente em que só passa uma visão, uma opinião, uma ideia. E que morra o resto do mundo que não pensa igual a ele, ou ainda, que apareça alguém que mate quem não pensa como ele.
Um mundo de extremos, onde o diálogo vai desaparecendo, sendo substituído por uma falsa interação social por meios digitais. Talvez desaprendamos como conversar, e só então, quem sabe, já no fundo do poço, a gente perceba que precisará um dos outros para poder sair dele. Quem sabe.

8.1.15

Solidão

O ser humano é, essencialmente, um solitário. Todas as tentativas de aplacar essa solidão - amigos, namoradas, esposa, filhos, sobrinhos etc - são apenas isso, tentativas. Na hora das grandes crises, não há ninguém que possa ajudá-lo.
Rezar pode diminuir a sensação de solidão, mas deus é mais ou menos como Crom, o deus cimério do Conan. Ele está ali vendo o que você faz e, se você se esforça, pode ser que consiga superar a sua crise, ele manda apoio. Mas se você não faz nada, a culpa é sua, não dele. Cabe a você encontrar forças dentro de si para reagir.
Solidão é uma merda. E a gente sente mais isso quanto pior está.

7.1.15

Mundo de malucos ruins

Hoje de manhã malucos fortemente armados invadiram a sede do jornal Charlie Hebdo em Paris. O jornal existe há muito tempo e sempre publicou sátiras em forma de charges contra tudo e contra todos. Mas já há algum tempo, quando outros loucos fundamentalistas ignorantes e obtusos começaram a declarar guerra contra tudo, é que o jornal ficou famoso. Tudo graças a uma charge sobre o profeta Maomé.
Ontem os caras publicaram uma charge sobre o líder dos insanos do Estado Islâmico, e parece que esses dementes têm braços suficientemente longos para conseguirem promover um ataque na capital francesa. A contagem inicial de mortos aponta onze pessoas, com chance de serem mais.
Você pode até não concordar com charges de motivos religiosos, como muitos políticos não concordam com charges feitas sobre eles. Mas sair por aí atirando? Será que todo deus é vingativo e manda passar o pescoço dos humoristas na ponta da faca?
Não acredito que deus, seja ele quem ou qual for, não possua senso de humor. The Tweet of God e o Deus do Laerte são dois exemplos de deus que eu acho mais condizentes com a verdade. Esse ser supremo tem que ter senso de humor, não é possível que não tenha. E esse ser com certeza não aprova as atitudes desse bando de nihilistas que destrói (ou tenta destruir) tudo o que não está na cartilha deles.
Socorro.

5.1.15

Um longo interlúdio

Foi mais de um ano sem escrever nada. Será que foi um ano perdido? Difícil dizer, nunca se perde nada ao viver. Mas que 2014 fez bem em acabar na hora certa, fez. Ele tava com cara de que ia se demorar um pouco mais por aqui.
Bom, lá se foi o ano passado, agora só temos o presente. E nesse presente, o que será que pode ser feito? Preciso, já escrevi isso em algum lugar, retomar as rédeas da minha vida. Preciso viajar mais, organizar melhor as coisas, dividir melhor o tempo e ficar em forma. Quase tudo já começou a ser feito no fim do ano passado, mas ainda é necessário planejar melhor como fazer.
Há uma ou outra meta ambiciosa, no sentido de pretensiosa. Mas acho que são boas metas, que farão a cabeça se mexer para eu parar de ficar me martirizando, achando que sou o único sofredor do mundo, essas idiotices que aparecem quando não se está plenamente satisfeito com a vida.
Enfim, é tempo de se mexer. Toda hora é, mas em alguns momentos a necessidade é mais premente. Vamos ver se a maré muda.