Pesquisa do Palavrório

18.10.12

Fuga em vão

Não adianta fugir. Tudo aquilo que nos atormenta vai junto, na mochila, para continuar perturbando.

Você tem problemas com o governo do país onde está é quer ir para outro? Vá, mas saiba que lá enfrentará outros problemas, alguns iguais, outros diferentes, mas sempre haverá problemas.

Você não gosta do seu chefe? Não adianta, se trocar de emprego continuará com algum chefe que, por sua vez, terá algumas características das quais você não gosta e outras que são simpáticas. Mas continuará com um chefe. E se você resolver ser chefe de si próprio, terá os clientes com quem lidar. E, novamente, serão outros problemas.

Você não gosta da sua namorada? Pois pode acabar o namoro agora. Como você gosta de namorar, mas não gosta dela especificamente, arranjará outra pessoa, que virá - surpresa!! - com outros defeitos, diferentes ou iguais aos da anterior, tanto faz. Ninguém é perfeito, todos têm defeitos. Pense que você também não é o primeiro dela. E, se for, será o primeiro, não o único.

Não gosta de sua casa? Mude-se, na nova também haverá goteiras, problemas com o encanamento, com a fiação elétrica, com qualquer coisa.

Nâo gosta de seu sexo? Mude, mas já saiba de antemão que o remendo é pior que o soneto, tem algo que não será nunca igual ao original.

Fugir é inútil. Sucumbir é necessário. Tudo o que pode ser feito é entender porque tudo incomoda tanto para poder viver melhor com as próprias escolhas. E paciência.

17.10.12

Em busca da raiva

Queria ter mais raiva dentro de mim para poder jogar toda ela pra fora de uma vez só. Fazer uma torrente raivosa saindo pelos meus dedos, escrevendo em uma velocidade estonteante para por no papel/tela tudo o que está acontecendo dentro da minha cabeça. Falar sem medo do que falarei, escrever cada detalhe escabroso que vem rondando minha mente nos últimos tempos. Vomitar mesmo, sem conseguir segurar nada. Criar uma coragem extrema para ser 100% sincero comigo mesmo, para não deixar nada pra trás, nada remoendo, provocando úlcera, falta de sono, falta de apetite, vontade de beber para amortecer, tirar tudo.
Queria, mas ainda não consigo. Falta algum gatilho que desconheço para que tudo comece. O jeito é manter o rame-rame e continuar a nutrir essa raiva interna. Vai que uma hora o copo transborda e aí tudo começa?

16.10.12

Todo homem é uma ilha

Todo homem é uma ilha. Mas o Drummond acreditava que era possível construir pontes para ligar um a outro, ou a outros, e assim, sair do isolamento. Não creio que isso seja possível.
Há um momento em que se percebe a solidão completa que é viver. Não há contato possível, nem com os que amamos. Há momentos em que parece haver uma ligação, mas elas são tênues, frágeis, podem ser desfeitas com um sopro débil. E como vivemos em épocas de tempestades, se torna ainda mais difícil erigir qualquer ligação que seja, fraca ou forte.
Estamos sozinhos, condenados a decidir por conta própria cada próximo ato. Pois de nada adianta ir buscar conselhos, ler um monte, comparar situações e o que mais for. No fim, sozinho, sem ninguém, a decisão é sua e só sua. E depois aguenta-se as consequências.
Mundo desgraçado...