Pesquisa do Palavrório

24.9.12

Um candidato sincero

Senhoras e senhores!!

Sou candidato a vereador nessa mui heróica cidade. E não quer empulhar seus ouvidos com mentiras deslavadas, promessas descabidas. Um vereador faz muito pouco, e a maior parte dos candidatos que estão aí nem isso fazem. Por isso, serei sincero com vocês.

Vou lutar para acabar com os cargos comissionados na Prefeitura e na Câmara de Vereadores. Isso está ao meu alcance, propor leis que tornem isso possível. Claro, terei que passar por cima dos interesses de todos os outros vereadores, do prefeito e de todos os funcionários comissionados, que entram sem concurso na máquina do Estado. Mas sou sincero e é isso que defenderei.

Com a economia feita ali, dá para avançar para uma segunda proposta: aumentar o valor gasto em creches e educação básica. Vejam bem, educação básica, pois do sexto ano para cima a responsabilidade é do Estado. Dá para aumentar o valor gasto em saúde. Dá para aumentar o alcance da Guarda Municipal, apesar de segurança ser função do Estado, e não do município. Isso dá para fazer.

Depois, dá para acabar com umas oito secretarias municipais que não servem para nada. E, dessa vez, dá para usar a economia para baixar impostos. Isso dá. Mas não dá para dizer que se fará muito, e isso que dá.

Por que todo mundo é a favor da família, contra a pobreza e a corrupção, pela segurança, educação, habitação e saúde. Tem alguém aí contra isso? Por isso não falo essas coisas. Falo o que eu posso fazer e mostro as contas de que é possível.

Agora, se o senhor prefere um mentiroso, depois não reclame.

E tenho dito!

21.9.12

Falta tudo

Falta Política com "P" maiúsculo nesse país. Pegue o discurso de qualquer, mas qualquer candidato à prefeito ou a vereador nas eleições de agora. Só há o discurso genérico, cheio de platitudes e lugares comuns que não levam a nada: Em defesa da família (alguém aí é contra a família?), pelos trabalhadores, por mais segurança, saúde e educação (imagina um candidato dizendo que quer menos policiais nas ruas...), enfim, um lero-lero chato e sem propostas. E ninguém ousa discutir um modelo de governo diferente, um estado menor ou maior, reforma tributária, previdenciária, trabalhista, um país com menos leis porém mais eficientes, nada de discurso sério.
Isso acontece porque, provavelmente, falta Educação com "E" maiúsculo. Quase todas as crianças do Brasil já vão à escola fundamental (pelo menos, seu primeiro ciclo). Mas tanto na privada como na particular eles não aprendem a pensar, eles aprendem a decorar informações. Os jovens de hoje crescem sem saber criticar, sem saber pensar, esqueceram o que é a dialética, perderam o senso de aproveitar o disenso para chegar a um consenso, enfim, deixaram tudo pra lá. A edução de hoje é utilitária e as pessoas só querem apredner o que lhes trará dinheiro, nada de pensamentos mais elevados.
Falta Cidadania com "C" maiúsculo. O cidadão de hoje não vê o estado como algo seu (república quer dizer coisa pública, de todos), mas como algo que não é seu, e que alguém (um deus grego, talvez) deva cuidar para ele usufruir. Todos querem direitos, ninguém quer deveres. Não vai dar certo.
Falta Solidariedade com "S" maiúsculo. É cada um por si e deus por todos. Falta Espiritualidade com "E" maiúsculo, para que as pessoas vejam que há mais além dessa vida (todo o respeito aos ateus, mas me parece um plano biológico muito medíocre esse de não ter nada após esse intervalo de vida do qual somos conscientes) para ter uma dimensão mais exata de nós mesmos no universo. Falta Gentileza. Falta Cortesia. Falta Amor (e não sexo, esse parece até que está sobrando).
Enfim, falta tudo. Só não falta, infelizmente, Desgraça, Ódio, Inveja, Raiva, Ganância, Má-educação, Pilantragem, Preguiça, entre outros...

18.9.12

Entressafra

Sf (entre2+safra) Agr Período que medeia entre uma safra e outra imediata, de determinado produto. (Michaelis)

É assim que me sinto, em plena entressafra. Nada vai pra frente, nada recua, é estagnação e necessidade imperiosa de esperar. Não dá para fazer nada, a decisão não está em minhas mãos. Deixei a capacidade de tomar alguma decisão em outras mãos, e agora devo viver com isso.
Nesse meio tempo em que poderia aproveitar para produzir qualquer outra coisa, qualquer coisa, na verdade, nada se produz, a não ser estes mal traçados rabiscos que pouco ajudam a tirar-me da inércia...