Pesquisa do Palavrório

14.2.11

Ingenuidade ou sinal dos tempos?

O ditador da Tunísia caiu, depois de semanas de protestos. O do Egito também, depois de 18 dias. Hoje tem manifestações no Iêmen (fala Nasser, iemenita que trabalhou comigo!) e em Bahrein. Será que o Facebook, Twitter e outros que tais têm tanto poder?
Gostaria de acreditar que sim, que é possível organizar um país a partir do teclado. Mas os governos só caíram pois quem estava atrás do teclado buscava algo mais que uma via de escape para a sua frustração com o seu país. Eles buscavam mudar para ter algum futuro. Por isso foram às ruas, não tinham mais nada a perder, só a ganhar. Poder-se-ia dizer que tinham a vida a perder (como uns 300 perderam no Egito). Mas talvez a alternativa de ficar parado já era uma não-vida.
E no Brasil, com tanta corrupção, quase endêmica, por que não acontece nada? Porque continuamos esperando uma boquinha. Nos jornais de hoje está a pesquisa. A maioria da população considera a aposentadoria dos ex-governadores ilegal e imoral, mas mais da metade dos entrevistados diz não ver problema algum em ele receber uma aposentadoria sem merecê-la. A lei é só para os outros, não para si.
Estamos a maioria do Brasil esperando uma boquinha para nos acomodar. Esse é o triste diagnóstico de nós mesmos.
Claro, é ingenuidade pensar que minha raiva pela internet ajude a mudar a situação. No Brasil, quem tem internet tem muito a perder, por isso não faz nada. E como nos últimos anos vendeu-se a ilusão de que o país só melhorava, não haverá uma praça Tahir para ser ocupada. Brasília é longe demais das capitais, não junta povo. E sem povo, ninguém fica incomodado.
Ficaremos aqui admirando a coragem dos egípcios, tunisinos e outros povos, teclando nossa raiva e não fazendo nada, nada, para mudar o que quer que seja. Triste sina.

4.2.11

Ondas

Há semanas em que estou altamente produtivo, otimista, confiante.
Há outras em que é o avesso total, improdutivo, pessimista, sem confiança, sem auto-estima.
Parece uma gangorra de crianças no parque. Eu mesmo estou dos dois lados da gangorra. E é meio yin-yang: quando estás no ponto alto da parte boa, começas a descer, pois o lado ruim empurrou o chão para subir. E vice-versa.
Não há equilíbrio possível, a gangorra não para no meio. Subir e descer, subir e descer até morrer.

P.S. Gangorra, masmorra, gangorra, gangrena. Só palavra feia...