Pesquisa do Palavrório

31.8.09

Mais uma encruzilhada

(ao estilo do Twitter, por absoluta preguiça)

Mais uma encruzilhada se coloca à frente. Será que terei coragem de dar o grande passo para poder fazer o que realmente quero? Por que as respostas não são mais simples, ou melhor, por que não analisamos as perspectivas de maneiras mais simples e realistas, em vez de fazer grandes dramas?

28.8.09

Bela família

Bela família é a minha. De um latrocida assassinado pela polícia, três vezes capa da Tribuna, a um doutor em Engenharia Florestal, tem de tudo no meio.
Daí que, quando me perguntam se não quero ter filhos biológicos meus, eu respondo: "melhor não passar adiante meus genes, olha no que deu". Vai que eu passo adiante o lado errado...

27.8.09

Cansaço

Esse país cansa a gente. As manchetes online da tarde de hoje eram de doer. Dividindo o espaço, às vezes quase com a mesma importância, está a absolvição do Palocci (nem vale comentar, é um dos companheiros, pode dar problema) e o erro de português da filha da Xuxa.

O primeiro fato cansa pois é mais um exemplo daqueles milhares que temos que mudar nas próximas eleições para tornar esse um País ao menos civilizado, em que as leis valem para todos. Mas qual o quê, quanto mais esclarecidas as pessoas, menor a vergonha de cometer ilícitos. Pelo contrário, parece que todo o saber está direcionado para burlar as leis de alguma maneira, para justificar o que é injustificável, para explicar o que não tem explicação. Vai mudar, mas demora. Enquanto isso, sofremos cansados.

O segundo fato, ainda que comum ao mundo inteiro, mostra o quanto as banalidades que não tem importância alguma no mundo tomam uma proporção que vale manchete, coloca repórteres (alguns talvez até bons) cobrindo fatos totalmente fúteis. E daí que a menina não sabe escrever? Ela e mais 100 milhões de brasileiros não sabem. E a galera fica indignada com o quê, com a filha de mulher rica que não sabe escrever ou com os 100 milhões? A resposta você já sabe, não preciso repetir.

Aqui na terra das araucárias, indiciaram o deputado bêbado pelas duas mortes que provocou ao volante. Pode até ser que seja condenado, mas demorará quanto para a Justiça julgá-lo? Daí tem outra notícia, a de que a Justiça restringe o atendimento ao público para garantir as férias dos magistrados. Cara, mais férias? Eles têm 60 dias de férias remuneradas por ano, contratavam os parentes a torto e a direito (agora, para não serem pegos, contratam os parentes dos outros juízes, que retribuem o favor, e fica tudo como estava), e ainda restringem o atendimento.

Tá fogo, tá fogo, para não escrever um palavrão. Fosse há 40 anos, esperava-se uma bomba. Hoje, infelizmente, tudo o que se espera é a abertura das inscrições para o novo Big Brother, para poder sair pelada na Playboy ou pelado na G, depois, e vamos nessa. A indignação nossa se resume aos textos mal escritos como esse em blogs, e nada mais. Tristes tempos em que vivo e que ajudo a deixar triste...

25.8.09

Segunda chance

São 39 anos, hoje. 39 anos em que com certeza fiz muitas escolhas, algumas certas, outras erradas. Uma delas, a que mais me atormenta nos dias de hoje, estou tendo a chance talvez única de tentar refazê-la, de voltar atrás e tomar uma outra decisão. Tenho a chance de apagar um pedaço da vida que se seguiu após essa escolha, mantendo apenas os ensinamentos dela, e voltar no tempo para recomeçar a caminhada.
Não acredito quando dizem que "cavalo encilhado só passa uma vez debaixo da janela". Claro, se você acredita que existe apenas um cavalo, então ele só passa uma vez. Mas vários cavalos passam debaixo de nossas janelas. Há sempre várias chances aparecendom, muitas oportunidades. Você escolhe qual delas quer para si. Às vezes dá errado, mas é parte do processo errar.
Também não acredito quando dizem "essa é uma chance única". Acredito apenas que é única se você pensar naquela conjunção de fatores. Mas há muitas chances que podem te levar a fins satisfatórios, seja em termos pessoais seja em termos profissionais. Achar que só existe uma mulher ideal no mundo, que só um trabalho pode te fazer feliz, que apenas uma cidade é o local certo para você morar é acreditar que existe um destino já escrito e estamos condenados a ele, sem chance de mudar.
Por isso, aos 39, vamos começar de novo. Deve ser a quarta ou quinta vez que faço isso nessa caminhada. Felizmente, ainda me sinto novo o suficiente para encarar o que vier e ainda dar risada com isso. Allons y!!

24.8.09

Enquanto o Carnaval não vem

Enquanto o Carnaval não vem eu espero. Pois quero me esbaldar é no Carnaval. Antes não, parece que não é bem a época para se aproveitar, para dar risada. Não, antes do Carnaval é para ser sério, circunspecto, taciturno até, pois não há como se divertir. Diversão mesmo é no Carnaval.

Enquanto o Carnaval não vem, eu vivo esperando por ele. Quero logo ele, queria que ele viesse antes e que ficasse por mais tempo. Quero o Carnaval pois lá sim posso soltar o freio para fazer o que eu quero. Fora de lá, tenho que me adaptar, tenho que fazer o que esperam que eu faça, tenho que parecer contente com o que faço, tenho que me enquadrar. Por isso quero o Carnaval.

Enquanto o Carnaval não vem eu amaldiçoo o tempo que tenho que esperar. Não me divirto pois só no Carnaval dá para se divertir. Não saio pois só no Carnaval vale a pena sair. Não vou atrás de ninguém pois só no Carnaval as pessoas valem a pena, são elas mesmas. Fora do Carnaval, todos usam máscaras de verdade, e não as máscaras de mentirinha. Mais sincera a colombina levando a cantada do vigésimo pierrô que minha colega de trabalho aceitando sair comigo. Não, quero a verdadeira ilusão do Carnaval, não a falsa realidade do meu cotidiano.

Enquanto o Carnaval não vem, deixo de viver o dia-a-dia pois ele não vale a pena. Não quero as dores que ficam para sempre, não quero as decepções que são verdadeiras, não quero que a realidade invada. Quero a fantasia dos quatro dias de festa, quero o momento que passa e não deixa lembranças amargas, apenas a sensação de "uau, foi bom demais!", sem compromisso. Quero o êxtase, não os sorrisos pequenos.

Enquanto o Carnaval não vem, não vivo o momento, mas espero o grande momento chegar. Dizem-me que não estou aproveitando cada instante. Mas cada instante é chato, verdadeiro, duro! Não quero cada instante, quero apenas os instantes do Carnaval, quero somente aqueles dias, e nenhum outro mais. Se vale a pena esperar e não viver esse momento? Diga-me você...

20.8.09

Mudança repentina

Hoje de manhã, pouco antes do sol nascer, não havia uma única nuvem no céu. E o sol veio, iluminando o céu com aquelas cores impressionistas, meio laranja, meio vermelho, antes de ficar azul, um lindo azul, prenuncio de um ótimo dia.
De repente, bateu um vento e tudo mudou. O que era azul ficou cinza, o que estava quente esfriou, o que era calmo ficou agitado, tá com cara de garoa. De repente, em menos de cinco minutos, o que havia já não há mais, e o que está é incerto, sem previsão.
Será que tem que ser assim, sempre?

18.8.09

Existe verdade?

Eu tenho lá minhas dúvidas de que exista uma única verdade. Costumo brincar com os advogados que conheço que, se existisse mesmo uma única verdade, os advogados não seriam necessários. Bastaria chegarem as duas partes de um contencioso ao tribunal, frente a frente, contar o que aconteceu de verdade e pronto, um juiz diria quem tem razão (que não é verdade) e fim da história..

Mas claro que isso não acontece. Os advogados são necessários pois eles tentam fazer valer uma versão da verdade, a versão que o seu cliente está contando. Eles abrem mão de todos os argumentos possíveis para convencer o juiz e os jurados de que seu lado tem mais razão que o outro. E o advogado do outro lado está fazendo a mesma coisa, mas pegando outro caminho.

Tem um livreto póstumo do Schopenhauer, 38 estratagemas para se obter a razão, que explica de maneira bem simples que a verdade é apenas um conceito filosófico, e que em uma discussão o que todos querem é obter a razão, sair com a palavra final do embate. Nada de prevalecer a verdade, nada disso.

E se pensarmos no jornalismo, a coisa fica ainda mais fluida. Pois, dependendo das crenças do jornalista, acreditar no que ele diz é acreditar na versão que ele deu às versões das pessoas que entrevistou, ou seja, o segundo ou terceiro relato do que aconteceu. Será realmente verdade o que está escrito?

Talvez a verdade esteja mais para o conceito de partículas subatômicas. Parece louco, mas não é. Na física quântica, a maneira como se observa algo influencia diretamente no resultado do que é observado. O pesquisador e seus apetrechos de pesquisa afetam as partículas, de modo que temos sempre resultados aproximados ou convergentes após muitas e muitas observações, mas nunca um resultado único. Uma verdade quântica, que nunca é definitiva.

Não que isso nos ajude muito a compreender o mundo que aí está, mas poderia diminuir muitos conflitos pessoais, profissionais e até diplomáticos entender que há várias versões da verdade, e que buscar a convergência entre elas seria mais produtivo que impor uma delas à força a quem quer que seja.

17.8.09

Atenção – URGENTE – Nova doença sem cura!!!

Atenção!!! Há poucos minutos, autoridades sanitárias de todo o mundo descobriram uma nova doença fatal para todos os humanos!! Ela já se alastrou por todos os países de todos os continentes, e até o momento não há nada no horizonte que indique haver alguma cura possível!! O alerta é geral.

As pesquisas feitas pelos renomados institutos Wolfgang Amadeus Mozart, de Viena, na Áustria, pela Universidade Livre Eric von Lustbasten, de Hamburgo, na Alemanha, da Faculdade de Ciências Médicas Willian Pickard III, de Honeywell, nos Estados Unidos, chegaram à mesma conclusão após testes com mais de um milhão de pacientes. Esses estudos mostram que a doença provoca a morte em 100% dos casos. Nunca se viu nada tão letal.

As poucas tentativas que foram feitas de se evitar essa doença foram um fracasso!! Alguns médicos tentaram a criogenia, mas tudo o que conseguiram foi evitar o fim já previsto. Outros tentaram enganar a doença com cirurgias plásticas, mas a carne inevitavelmente decaiu e a morte chegou. Alguns evitaram comidas gordurosas, bebidas alcoólicas, guloseimas de qualquer gênero, fumo e drogas em geral e levaram uma vida regrada, com muito exercício físico, sono regular e orações, mas nada deu certo, tudo o que conseguiram foi morrer de tédio, outra causa mortis bem comum em nossos dias.

A conclusão dos cientistas é estarrecedora: não há cura para a vida!! Uma vez nascidos, estamos todos destinados a morrer, dia sim dia não. Assim como os impostos (que no entanto podem ter cargas variáveis), a morte é consequência inevitável da vida. Não há como se curar da vida, já que estamos aqui para viver e morrer. Muito mais letal que a gripe suína, a gripe aviária, a gripe espanhola e o resfriadinho que se cura com conhaque, mel e limão, a vida (aliás, pré-requisito básico e necessário para se pegar qualquer outra doença) não tem cura.

Portanto, aproveite cada momento dessa doença sem cura. Saia, curta os amigos, a família, ria, chore, se desespere, faça algumas cagadas, desaponte algumas pessoas e depois se arrependa, ame muitas vezes, enfim, faça o que der na telha. Privar-se de tudo não adiantará nada, morrerás. Por isso, melhor aproveitar esse intervalo para fazer algo de bom (e se acreditas em reencarnação, saiba que a doença continuará válida, morrerás de novo na próxima...).

E, se não quiseres ir tão cedo, se cuide, mas sem exageros, tá? Não deixe a paranóia te dominar, pois aí sim é o fim!!


13.8.09

Em busca de sentido

Em 2012, o mundo acaba. Pelo menos, é o que os maias disseram. Pode até ser que o mundo físico não acabe, mas talvez tenhamos que ver essa profecia mais como uma metáfora. O mundo como o conhecemos hoje pode ser que acabe. O mundo com os valores que são vigentes hoje talvez acabe. O mundo em que ter é mais que ser poderá ter seu fim. O mundo em que a aparência vale mais que a essência poderá não mais existir depois daquela data.
Não que um grande cometa moral virá dos confins do universo para atingir a consciência de todos. Talvez será apenas o ápice de um grande desconforto pelo qual passa a humanidade hoje em dia, em que muita gente acaba perguntando o que está fazendo nesse mundo e não percebe sentido no que faz diariamente. A cada dia, mais gente se faz essa pergunta. Claro, gente que já passou a barreira da mera sobrevivência diária e pode filosofar sobre o sentido da vida. Mas o contingente é cada vez maior.
São pessoas incomodadas com a destruição do planeta, com a busca incessante do lucro pelo lucro como motivo maior de tudo, com a competição desenfreada em todos os campos, com a ambição desmedida de muitos, a riqueza acumulada de poucos em detrimento da pobreza de muitos. Sem ser inocente, parece haver um desconforto com a maneira como o mundo funciona hoje. Ainda não há uma alternativa a isso, por isso o grande desconforto.
Sobreviveremos ao que vier, independente do que seja. Só espero que seja em um mundo um pouco melhor, para que deixemos alguma herança bacana para nossos filhos.

12.8.09

Recomeçar

Recomeçar é insistir na esperança de que as coisas podem ser diferentes. Acreditar que decisões erradas tomadas há algum tempo podem ser revistas, refeitas e um novo caminho pode ser reescrito. A idade só importa se você dá muita bola para ela, ou permite que ela crie uma camada de soberba sobre você que o impeça de aceitar recomeçar de maneira humilde, por baixo, por menos.

Mas é uma chance ímpar de poder por na balança o que realmente importa, deixar de lado o que parecia importante mas que não é para você, de colocar aqueles objetivos que tocam fundo em sua alma, de poder realinhar tudo. Não será fácil, retirar a pátina de anos de experiências e impressões que ajudam a crescer mas são equivocadas, pois não mexem e não alcançam a essência.

Recomeçar, buscar um novo caminho, que na prática pode ser até um velho, mas que foi deixado de lado em busca de uma recompensa imediata. E como sempre, o imediatismo cobra seu preço no futuro. Enfim, pague-se o preço agora, e vamos em frente.