Pesquisa do Palavrório

26.1.06

Um pouco de conversa séria

Nos últimos tempo eu tenho evitado a conversa séria. Sei lá, vontade de dar uma pausa na atividade cerebral e ficar concentrado apenas nas besteiras que assolam o planeta. Mas hoje retomamos um pouco a seriedade.

Não apenas porque o Hamas ganhou na Palestina - afinal, esse é também um referendo "Você acha que os homens-bomba funcionam?" - mas por uma discussão (amigável) com uma colega de trabalho.

Começou com uma discussão amigável com uma colega de trabalho a respeito da eleição do Evo Morales na Bolívia. Ela, uma direitista de carteirinha, se perguntava onde o mundo ia parar. Eu falei que essa era uma reação. O comunismo não deu certo, o capitalismo está aí mas os povos não são mais felizes - pelo contrário, aumentam as incertezas todo o dia, ninguém dorme tranqüilo com medo de perder o emprego pois logo vem uma reengenharia - e as sociais democracias também não conseguem trazer prosperidade espiritual para seus povos.

Restou o quê? Tentar o socialismo (e não me encha o saco, comunismo não é socialismo, são coisas bem diferentes). E assim vence a mulher lá no Chile, vence o Lula, vence o Morales, pelo menos em países onde as diferenças sociais são gritantes. Em Portugal, por exemplo, o novo presidente é de direita.

A discussão esquentou quando eu disse que os sistemas de ensino e de saúde de Cuba são os melhores da América (incluamos aí Estados Unidos e Canadá). E fui rechaçado de maneira veemente. "Como você pode defender o Fidel?" Eu não defendi ele, defendi apenas a saúde e a educação cubanas. E uma prova que o sistema de ensino cubano é bom é que sempre tem gente querendo fugir de lá, ou seja, é ensinado que há um outro lado. Ou você lê notícias de coreanos do norte que tentam fugir? Nunca tem.

Então, pois até o momento são apenas idéias desconexas, sem eira nem beira, o que quero dizer com isso? Na prática nada, a não ser que ainda acredito na paz entre judeus e israelenses e que acho o socialismo melhor que o capitalismo. O problema somos nós humanos que não sabemos ainda deixar de ser egoístas. Quando conseguirmos fazer isso, aí poderemos ser socialistas. Até lá, dá-lhe trabalhar, muitas vezes sem nem saber porquê.

Obs.: Minha colega ficou decididamente chocada quando disse que Jesus, se vivo, seria excomungado pelo Papa. Leia com atenção suas palavras e veja se ele não foi o primeiro socialista...

24.1.06

Falta de assunto

Na boa, tava pensando em atualizar o blog e fui atrás de umas idéias para reciclar a cabeça, já que não conseguia ter nenhuma original. E daí cai nessa crônica do Tutty Vasques, no "No Mínimo":

A falta de assunto conjugada à quantidade absurda de cronistas em atividade no país tem provocado cenas hilárias no convívio dessa gente – ô, raça! São dezenas, centenas, milhares de páginas em branco à procura de histórias para o fechamento da próxima coluna de cada um. Um troço engraçado, uma novidade, um personagem, um absurdo, boas e más notícias, um passeio, uma mulher, um prato de comida, qualquer coisa pode virar crônica e, ainda assim, a oferta de assuntos é insuficiente para atender à demanda dos colunistas, coitados! Não raro quando se encontram, se um conta uma história, dia seguinte ela vira tema da coluna do outro. É por isso que o talentoso Joaquim Ferreira dos Santos quase não fala fora da redação do “Globo”. Quando fala, fala baixinho para ninguém ouvir. Ficou assim depois que, isso há muito tempo, jantou com Zuenir Ventura e contou que estava pensando em escrever uma crônica com o título “Cidade partida”. O livro foi lançado um ano depois.

Assim, chupei o comentário dele para instigar você a ir até lá e ler a crônica dele, que é bem interessante. Ele fala sobre o método mental de proteção contra claustrofobia em aparelhos de ressonância magnética. E apesar dessa situação, ele pensa em sexo! Uma ótima saída.

Hoje, nem pensando em sexo teria material para um bom texto...

17.1.06

Recomeço lento

Todo reinício de ano parece ser um pouco lento. Todas aquelas boas intenções do Ano Novo ficam meio que engavetadas em alguma gaveta do cérebro, esperando o momento certo de reaparecer (infelizmente, a maioria delas parece voltar apenas no fim do ano, quando se tornarão novamente intenções para o próximo).

Assim, você parece perceber que o mundo está meio que se acomodando ao Novo Ano. As coisas acontecem, mas com uma velocidade menor. Decisões são tomadas, mas poucas, muito poucas, realmente importantes. É como se disséssemos "não adianta fazer nada, até o Carnaval nada funciona mesmo". E assim, deixamos o Ano Novo de trabalho para março. Nada parece ser urgente nessa entresafra de feriados (e o termo é entresafra mesmo, esperamos sempre o próximo feriadão, e desta vez com mais ansiedade, pois não houve feriadão de Natal ou Ano Novo).

Eu tentei fugir da regra, e tomei uma decisão. Decidi não decidir nada até o Carnaval. Pronto, assim me livro do constrangimento de ter que adiar alguma decisão por não ter a menor vontade de pensar sobre ela. E tenho dito!!